Fabio Aru (Astana) foi hoje de menos a mais na Volta a Itália em bicicleta, lançando um ataque demolidor na última subida do dia para conquistar a 19.ª etapa e subir ao segundo lugar da geral.

O enorme sorriso que exibiu quando cortou a meta, em Cervinia, depois de pedalar 236 quilómetros desde Gravellona Toce em 06:24.14 horas, não deixou margens para dúvidas: depois de dias de agonia, o corredor italiano era hoje um homem feliz.

E não era para menos, uma vez que deixou toda a concorrência `plantada´ com uma série de ataques que lhe permitiram, não só festejar o triunfo na etapa, mas também ultrapassar o colega Mikel Landa no segundo lugar da geral e diminuir para 04.37 minutos a diferença para Alberto Contador (Tinkoff-Saxo).

“Não sei o que me ia na cabeça quando cortei a linha de meta. Nos últimos dias sofri imenso, no Mortirolo [na 16.ª etapa] foi pura tortura. Tive problemas de saúde, problemas de estômago, mas hoje foi um sinal de que não desisto. A minha determinação levou-me a esta maravilhosa vitória”, disse o jovem de 24 anos, que foi terceiro na geral do ano passado.

O primeiro ciclista da Sardenha a vestir de rosa em 77 edições não se poupou a agradecimentos aos seus colegas da Astana – “mantiveram o meu moral em alta e nem sei como agradecer-lhes” -, mas não fez nenhuma menção especial ao ‘sacrifício’ de Mikel Landa que, com o colega na frente, deixou de trabalhar no grupo de favoritos, ‘entregando’ o segundo lugar.

O destino feliz de Aru começou a desenhar-se a dez quilómetros da meta, na ascensão do Col Saint-Pantaleon, quando o homem que o sucedia na geral, o costarriquenho Andrey Amador (Movistar), ficou cortado, já depois de o seu colega de equipa, o italiano Giovanni Visconti, ver anulada a sua tentativa de fuga.

Inspirado pela quebra do seu mais direto rival na luta pelo pódio, o italiano que nunca desiste atacou e deu o mote para Hesjedal ficar na frente – claramente em poupança de forças, Contador manteve a lucidez, limitando-se a seguir na roda de Landa, porque, como o próprio espanhol reconheceu, o seu compatriota era o mais perigoso para a geral.

Bem melhor do que em dias anteriores, Aru saiu novamente do lote de candidatos para se juntar ao vencedor do Giro2012 e ultrapassá-lo – Hesjedal foi segundo na etapa, a 28 segundos. Lá atrás, limitado pelos laços de companheirismo que os unem, Landa não perseguiu o seu colega de equipa, assistindo impávido à saída de Rigoberto Uran (Etixx-QuickStep), o vice das últimas duas edições, que foi terceiro na 19.ª tirada, a 01.10 minutos.

O espanhol da Astana, que foi sétimo logo atrás de Contador, perdeu 01.18 minutos para o seu companheiro, com o pódio a ficar, aparentemente, definido. Landa está a 05.15 minutos do espanhol da Tinkoff-Saxo, mas tem Amador, que manteve a quarta posição, a mais de três minutos.

Na véspera da última etapa decisiva deste Giro – 199 quilómetros entre Saint-Vicent e Sestriere, com o monumental Finestre, uma terrível subida de 18,5 quilómetros, no menu -, André Cardoso voltou a revelar os seus dotes de escalador, ao ser 21.º a 05.14 minutos de Aru, um resultado que lhe permitiu escalar até ao mesmo posto da geral.

Sérgio Paulinho (Tinkoff-Saxo), que foi 69.º na etapa a 35.17 minutos do primeiro, é 100.º na geral, a 04:00.10 horas, e Fábio Silvestre (Trek), que perdeu mais de 50 minutos na tirada e foi 155.º, é 150.º, a 05:08.26 de Contador.