A seleção portuguesa compete nos Mundiais de ciclismo de pista, entre quarta-feira e domingo, com cinco ciclistas, incluindo o campeão olímpico Rui Oliveira, mas sem Iúri Leitão, tentando chegar a medalhas e consolidar o crescimento.
“O nosso objetivo é apresentarmo-nos da melhor forma para obter os melhores resultados e se conseguirmos chegar a lugares de pódio, excelente, vamos trabalhar para isso. Mas é sempre incerto. É importante que, nos dias dos eventos, os atletas também possam responder da melhor maneira”, explica, em entrevista à Lusa, o selecionador nacional da vertente, Gabriel Mendes.
O ‘arquiteto’ do desenvolvimento da pista em Portugal, ancorado no Velódromo de Sangalhos, Centro de Alto Rendimento da modalidade, alerta para as muitas variáveis presente num Campeonato do Mundo, em que o nível não podia ser mais alto.
“Não é que não goste de me comprometer com resultados. Muitas vezes, nas provas de endurance, há sempre um certo grau de imprevisibilidade. (...) Os atletas nem sempre mantêm a mesma forma ao longo do ano, há um planeamento a médio e longo prazo, e termos atingido o sucesso que obtivemos nos Jogos Olímpicos não garante que cheguemos aqui e mantenhamos o desempenho”, lembra o técnico.
Esse sucesso em Paris2024, de resto, dificilmente podia ser mais alto, uma vez que Iúri Leitão e Rui Oliveira se sagraram campeões olímpicos de madison, com Leitão a conquistar a medalha de prata no concurso de omnium.
Ainda assim, o minhoto vai falhar a prova, devido à parca recuperação desde que uma virose o afastou dos Europeus de estrada, com o processo de evolução de forma posterior a não dar garantias.
“É evidente que gostaria muito que o Iúri pudesse estar neste Campeonato do Mundo. Isso não será possível”, lamenta Gabriel Mendes.
O destaque vai, então, para Rui Oliveira, seis vezes medalhado em Europeus e campeão olímpico no madison, em que terá, desta feita, a companhia do irmão Ivo Oliveira, “dois atletas de qualidade mundial, de topo”, mas que não competem juntos há algum tempo na pista.
Aos dois, no setor masculino, junta-se Diogo Narciso, em estreia nos Mundiais de elite, no lugar de Leitão, que já tinha feito provas no processo de qualificação para Paris2024 “com excelentes resultados”, aqui subindo de nível.
Para Ivo Oliveira, de resto, há o aliciante extra da perseguição individual, vertente não olímpica em que já foi vice-campeão mundial, em 2018, e bronze, em 2022, tendo sido quarto em 2023.
“[Vamos] procurar melhorar o seu melhor tempo, que é muito bom. (...) Não sabemos se essa melhoria vai permitir a qualificação para uma das finais, vamos ver”, refere o selecionador.
Entre os dois irmãos, será escolhido o representante no omnium, em que Leitão estará ausente na defesa do título mundial, com Narciso a competir nas restantes provas não olímpicas.
No setor feminino, Maria Martins assume o omnium, que já a levou a dois Jogos Olímpicos, o scratch e a eliminação, tendo já bronzes em Mundiais no concurso olímpico, em 2022, e no scratch, em 2020, no currículo.
Daniela Campos, pela terceira vez num Mundial, fará a corrida por pontos, estando ambas, como a seleção no geral, a “tentar melhorar” os resultados de edições anteriores.
“O foco vai ser nesse processo de melhoria contínua, reforçar a aprendizagem e melhorar o grau de competência. A médio prazo, temos o início de novo processo de qualificação olímpica para Los Angeles2028”, lembra Gabriel Mendes.
Depois de, nos últimos anos, a seleção apresentar um crescimento sustentado, chegando às seis medalhas em Mundiais, com seis medalhas entre a elite global no currículo deste núcleo duro que despontou o alto rendimento na pista, os resultados em Paris2024 puseram o foco – e as expectativas de pódio – nestes ciclistas.
“Quando se alcançam os resultados de excelência que alcançámos, tendo sido campeões olímpicos no madison, é normal que os portugueses tenham conhecimento do ciclismo de pista. Acabou por ter maior divulgação fruto desses resultados. Havia quem nem soubesse que tínhamos um Centro de Alto Rendimento em Sangalhos”, refere Gabriel Mendes.
O selecionador nota que os ciclistas “não controlam as expectativas das pessoas”, por isso “a responsabilidade será sempre a mesma”, mesmo que esse aumento de expectativas possa “aumentar o grau de ansiedade”.
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