A monotonia da terceira etapa da Volta a França só foi quebrada nos centímetros finais, com o ‘empate’ entre Mark Cavendish e André Greipel a obrigar à intervenção do ‘photo finish’ para entregar o ‘bis’ ao ciclista britânico.
Os 223,5 quilómetros entre Granville e Angers tornaram-se demasiado longos perante a inércia do pelotão, com os únicos momentos emocionantes da terceira tirada a surgirem nos metros iniciais, quando o luso-descendente Armindo Fonseca (Fortuneo-Vital Concept) arrancou para a fuga do dia, posteriormente integrada por Thomas Voeckler, e nos metros finais, quando os velhos rivais Cavendish e o alemão Andre Greipel cortaram o risco lado a lado.
O alemão da Lotto Soudal ainda ergueu o punho em sinal de vitória, mas foi o homem da ilha de Man quem conquistou o segundo triunfo em três etapas, depois do ‘photo finish’ ter ditado que a roda da bicicleta do ciclista da Dimension Data foi a primeira a passar a meta.
“Pensei que era minha, mas nunca sabemos. Era preciso esperar”, admitiu ‘Cav’, que ficou especado, de verde vestido e com uma multidão à sua volta, até ver a organização confirmar aquilo que o seu sexto sentido já lhe havia dito.
Com o triunfo de hoje, o britânico, de 31 anos, escreveu uma nova página na sua história particular do Tour, igualando o francês Bernard Hinault como segundo ciclista mais vitorioso nas 103 edições, com 28 etapas.
“Planeámos esta etapa, eu sabia que teria de arrancar de trás. Por isso, é que quando o Mark [Renshaw] arrancou, eu quis estar na roda do Greipel. No ano passado, quando não ganhei o primeiro ‘sprint’, fiquei nervoso e talvez me tenha precipitado nas etapas seguintes. Pensei que poderia acontecer o mesmo ao Greipel hoje”, explicou o antigo ‘bad boy’, que uma vez mais protagonizou uma imagem familiar, ao subir ao pódio com os seus dois filhos.
Dominador dos ‘sprints’ no ano passado, o alemão da Lotto Soudal voltou a ser relegado para os lugares de honra, conseguindo ainda assim melhor do que o seu compatriota Marcel Kittel (Etixx-QuickStep), que foi apenas sétimo, numa tirada que ficará na história pessoal de um luso-descendente.
Há um terceiro ‘português’ nesta Volta a França e, hoje, Armindo Fonseca apresentou-se àqueles que ainda não o conheciam, lançando-se numa empreitada alucinante: em fuga desde os primeiros metros, o francês de origens portuguesas da Fortuneo-Vital Concept chegou a ter mais de 11 minutos da vantagem sobre o pelotão - ao quilómetro 15 já tinha 6.30.
Fonseca, um francês cujo pai é um emigrante de Fafe, queria passar isolado na sua terra natal, Ile-et-Vilaine, e conseguiu-o, antes de ser ‘apanhado’ por Thomas Voeckler (Direct Énergie), que aproveitou a apatia generalizada do pelotão, em modo ‘descanso’ depois das nervosas duas primeiras jornadas, para se juntar ao homem da frente ao quilómetro 140.
Já em duo, os franceses viram as equipas dos ‘sprinters’, com Lotto Soudal e Etixx-QuickStep à cabeça, assumirem a perseguição e neutralizarem a sua tentativa a oito quilómetros da meta. Chegava assim ao fim o sonho de Armindo Fonseca, que viu o seu esforço premiado com o prémio de mais combativo na etapa.
No ‘sprint’ final, o camisola amarela ainda tentou chegar às bonificações, mas o seu quarto lugar na tirada mantém a classificação geral inalterada: o eslovaco da Tinkoff tem oito segundos de vantagem sobre o francês Julian Alaphilippe (Etixx-QuickStep) e dez sobre o espanhol Alejandro Valverde (Movistar), com Chris Froome (Sky) na quarta posição, a 14 segundos.
No pelotão chegaram todos os homens importantes, incluindo os portugueses Rui Costa (Lampre-Merida) e Nelson Oliveira (Movistar), que ocupam agora, respetivamente, as 19.ª e 90.ª posições da geral.
O líder da Lampre-Merida vai partir para a etapa mais longa da 103.ª edição, uma ligação de 237,5 quilómetros entre Saumur e Limoges, com 14 segundos de atraso para Peter Sagan, enquanto Nelson Oliveira está a 03.06 minutos.
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