Mark Cavendish (Dimension Data) ficou hoje mais perto do recorde absoluto de Eddy Merckx, ao sprintar para conquistar a quarta vitória na 103.ª Volta a França em bicicleta e a 30.ª na carreira, no final da 14.ª etapa.
Indomável nos ‘sprints’ deste Tour, o britânico, de 31 anos, ficou indiferente aos protestos de Marcel Kittel (Etixx-QuickStep), que quase caía com os ziguezagues do homem da ilha da Man, e festejou o quarto triunfo em cinco possíveis, estando agora a apenas quatro vitórias de igualar Eddy Merckx como ciclista mais vitorioso de sempre no historial da prova francesa.
“Sabia que o Kittel ia ser deixado na frente, contra o vento, demasiado cedo. Por isso, a minha estratégia era esperar, esperar, até que ele ‘morresse’ e depois arrancar. Saltei para a frente dele e, obviamente, inclinei-me para o lado direito, o que o deve ter desequilibrado. Mas já estava bem à frente dele quando isso aconteceu. Não penso que tenha cometido qualquer infração. Acho que ele está simplesmente frustrado”, defendeu ‘Cav’.
Naquela que era a derradeira oportunidade para os ‘sprinters’ mais explosivos se mostrarem antes da chegada aos Campos Elísios, as suas equipas não facilitaram, mantendo controlada, ainda que à distância, a fuga que se formou aos 30 quilómetros, por iniciativa de Jérémy Roy (FDJ), Alex Howes (Cannondale), Cesare Benedetti (Bora-Argon18) e Martin Elmiger (IAM Cycling).
O quarteto da frente, cuja vantagem chegou a rondar os cinco minutos, só sobreviveu enquanto os comboios de alta velocidade da Etixx-QuickStep, Lotto Soudal e Dimension Data assim o entenderam, com a fuga a ser anulada a 3,5 quilómetros do Parc des Oiseaux, ponto final dos longos 208,5 desde Montélimar.
Na reta da meta, Kittel foi o primeiro a arrancar, ficando isolado contra o vento, um fator que o experiente Cavendish soube aproveitar. O corredor da Dimension Data escolheu o ‘timing’ perfeito para arrancar, ultrapassou facilmente o gigante alemão, que ainda tentou seguir na sua roda, mas por pouco não caiu, com o serpentear do seu adversário.
Os protestos do ciclista da Etixx-QuickStep de pouco valeram, uma vez que lá à frente já ‘Cav’ celebrava, com quatro dedos erguidos, o triunfo sobre o norueguês Alexander Kristoff (Katusha), que relegou o campeão do Mundo e camisola verde, o eslovaco Peter Sagan (Tinkoff), para a terceira posição.
“Tenho a minha opinião, mas ela não conta, é o colégio de comissários que decide. Penso que o sprint não foi limpo. Estou muito desiludido”, reconheceu Kittel, que foi apenas quinto, atrás de John Degenkolb.
Mas, ao contrário do seu antigo colega – e também do seu outro compatriota, André Greipel (Lotto Soudal), que em dia de 34.º aniversário ficou em sexto -, o ‘sprinter’ da Giant-Alpecin, que perdeu grande parte da temporada devido a um atropelamento, não podia estar mais feliz: “Isto é muito importante para mim. Estar entre os primeiros dá-me confiança. O que retenho é que é preciso ser paciente.”
Chris Froome (Sky), que chegou integrado no pelotão com as mesmas 5:43.49 horas do vencedor, assim como aconteceu com todos os nomes sonantes - só Rui Costa (Lampre-Merida) perdeu tempo, mais concretamente 2.38 minutos -, mantém a amarela em segurança.
O britânico vai partir para a complicada 15.ª tirada, uma ligação de 159 quilómetros entre Bourg-en-Bresse e Culoz com seis contagens de montanha, duas delas de primeira categoria e outra de categoria especial, com 1.47 minutos de vantagem sobre o holandês Bauke Mollema (Trek-Segafredo) e 2.45 sobre o compatriota Adam Yates (Orica-BikeExchange).
Costa continua a ser o melhor representante luso na geral, na 52.ª posição, a 1:09.53 horas de Froome, com Nelson Oliveira a ocupar o 109.º lugar, a 1:58.50 horas.
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