O selecionador português de ciclismo, José Poeira, disse hoje que Portugal tem “ambição de discutir a corrida” nos Mundiais de estrada, que decorrem de domingo a 24 de setembro em Bergen, Noruega.
À agência Lusa, o selecionador explicou que a seleção “tem ambição e possibilidades de discutir a corrida” de elite masculina nos Mundiais, mas também nas outras provas e escalões etários em que participa.
Até pelo histórico da seleção, que já conseguiu “vários resultados honrosos, ‘top 10’ e até uma vitória”, em 2013, por Rui Costa, a confiança é a de que a seleção possa “lutar por resultados dignos”.
“Todos vêm motivados para fazer o Mundial, alguns pela primeira vez, e estão conscientes do que os espera. Espero que tudo corra bem”, apontou o selecionador, que descreveu a seleção de elite masculina como “equilibrada, com diferentes características, e que tiveram competição até esta semana, que estão bem rodados”.
Apesar de admitir que o maior número de ciclistas à disposição de seleções mais bem cotadas, que podem escolher nove ciclistas, com Portugal a participar com seis, é uma “grande vantagem”, Poeira lembrou que em 2013, Rui Costa sagrou-se campeão do mundo de estrada apenas com Tiago Machado e André Cardoso como colegas de equipa.
“É uma vantagem que as equipas têm, podem endurecer a corrida e trabalhar de outra forma, têm equipa para colocar um ciclista na parte final, mas por vezes podemos aproveitar isso, e com o que temos, fazer o trabalho bem feito e estar na discussão no final”, apontou o técnico.
Em provas de um dia, a sorte “pode aparecer, mas por si só não faz tudo, o importante é não ter azar”, e os vários corredores portugueses que se vão fazer à estrada em Bergen estão “motivados, até porque para qualquer corredor é interessante participar nas provas, é o expoente máximo das seleções”, mas também pela “aprendizagem” que é participar num evento com “a elite mundial do ciclismo”.
Quanto à chuva, que está previsto afetar pelo menos algumas das provas em Bergen, Poeira não esconde que poderá “complicar de certa forma a corrida”, pedindo “mentalidade forte para ultrapassar esse fator” aos ciclistas lusos.
Quanto ao contrarrelógio, é uma prova “complicada, pela subida com muita inclinação, de 3.400 metros de subida, na qual há possibilidade de trocar bicicleta” na saída do circuito e entrada no terreno inclinado, o que contribui para “uma corrida muito técnica”.
“É um ‘crono’ muito duro, com equilíbrio entre plano e subida, e muito técnico, e os nossos corredores assemelham-se muito a isso”, apontou José Poeira, sobre Nelson Oliveira, que em 2016 foi sétimo no ‘crono’ dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, e Rui Costa, representantes lusos na prova.
O grupo de sub-23, com André Carvalho (Cipollini Iseo Serrature Rime), Francisco Campos (Miranda/Mortágua), Ivo Oliveira (Axeon Hagens Berman) e José Neves (Liberty Seguros/Carglass), tem “experiência e alguns já participaram em Mundiais, correm a um nível bastante alto, e vão estar à altura”, e elogiou a Volta a França do Futuro como uma prova que “prepara muito bem este mundial”.
“Tinha chegadas muito rápidas, com aqueles dias mais para o ‘sprint’, e pouco a pouco entrámos nas discussões das etapas, mas quando o Rui Oliveira caiu perdeu-se um pouco. O Francisco Campos também ganhou ali muita experiência, o Ivo também tem e os outros podem ajudar muito, porque também estiveram na Volta a França. São quatro, mas é uma equipa que sabe trabalhar junta”, resumiu.
Também no escalão de juniores masculinos, onde competem, na prova de fundo, Afonso Silva (Sporting/Tavira/Formação Eng. Birto da Mana), Pedro José Lopes (Alcobaça CC/Crédito Agrícola) e Pedro Miguel Lopes (Seissa/KTM Bikeseven/Matias & Araújo/Frulact), há “muita experiência, por terem participado nas corridas da Taça das Nações, e conhecem o pelotão internacional”.
Já a júnior Maria Martins (Bairrada), única representante no quadro feminino, vai disputar a prova de fundo nos Mundiais depois de ter sido sétima nos Europeus, pelo que há otimismo para o que pode ser “uma boa prestação”.
“No mundial há exigências diferentes, e será preciso atender a como se vai enquadrar no pelotão, por correr sozinha, e ver como se coloca na parte final” do percurso de 76,4 quilómetros, referiu.
O campeonato do mundo de estrada arranca no domingo com os contrarrelógios por equipas, com o primeiro português a entrar em prova na segunda-feira, com Ivo Oliveira no ‘crono’ de sub-23.
A prova de fundo da elite masculina encerra o calendário, com Rui Costa (UAE Emirates), campeão de fundo em 2013, José Gonçalves e Tiago Machado (Katusha Alpecin), Ricardo Vilela (Manzana Postobón), Rúben Guerreiro (Trek-Segafredo) e Nelson Oliveira (Movistar).
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