Uma pretensão do ciclismo feminino há muito, a Volta inaugural chegou em 2021 com um percurso total de 259,3 quilómetros e quatro etapas junto a Lisboa, quase um século depois da primeira edição masculina ajudar a cimentar a popularidade de uma das modalidades mais acarinhadas no país.

A primeira etapa sai para a estrada na quinta-feira, partindo de Cacilhas, no concelho lisboeta de Almada, e seguindo até Setúbal, passando por um prémio de Montanha em Palmela e uma meta volante em Azeitão.

Antes, já um pelotão de cerca de 100 ciclistas, com equipas portuguesas, espanholas e britânicas, segundo a Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC), foi apresentado, no Marquês de Pombal, em Lisboa, antes de um desfile que evoca a primeira Volta masculina, já do ‘longínquo’ ano de 1927.

Depois de terminar em Setúbal, terra natal da pioneira Oceana Zarco, a Volta segue para Mafra, e daí parte para uma tirada de 72 quilómetros até Loures, na sexta-feira, com uma contagem de montanha.

A terceira etapa será marcante na luta pela classificação final, com um contrarrelógio de 11,1 quilómetros em Vila Franca de Xira, com domingo a encerrar a edição inaugural com uma ligação entre Caldas da Rainha e Lisboa, com 94,7 quilómetros.

O regulamento da prova, cuja lista de inscritos não é para já conhecida, cifra o “total geral dos prémios distribuídos na prova” em 6.900 euros, um valor que fica longe de algumas das provas destinadas ao pelotão masculino, com valores atribuídos por resultados em etapa e classificação final, tanto para seniores como juniores.

Citado pela FPC, o presidente do organismo, Delmino Pereira, aponta esta corrida como “uma motivação para as mais jovens ciclistas prosseguirem as suas pedaladas de desenvolvimento desportivo”, com vista à elite, mas também “uma forma de atrair novas praticantes”.

Num texto publicado no guia técnico da prova, o secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Rebelo, escreve que este momento “ficará na história do ciclismo em Portugal”.

“A sua importância é inequívoca, por um lado pelo simbolismo que encerra no contributo para o desígnio da igualdade de género no desporto, mas sobretudo pelo facto de ter como alicerce o efetivo desenvolvimento do ciclismo feminino em Portugal. Trata-se de um evento de referência do calendário nacional e internacional da modalidade para o ano de 2021”, lembra o governante.

Rebelo, que aponta à participação de cerca de dezena e meia de formações, realça ainda o “claro estímulo” para a modalidade através do “simbolismo muito forte” da Volta, podendo marcar “o início de uma nova era”.

No mesmo guia técnico, Delmino Pereira lembra a participação paritária do ciclismo português nos Jogos Olímpicos Tóquio2020, com Nelson Oliveira e João Almeida, na estrada, acompanhados pelas pioneiras Maria Martins e Raquel Queirós.

Maria Martins, que saiu com um diploma no omnium do ciclismo de pista, e Raquel Queirós, primeira mulher no ‘cross country’ olímpico, assumiram-se, afirma o presidente da FPC, “como ídolos e referências de toda uma nova geração de praticantes”.