Chris Froome (Sky) é esta segunda-feira, inesperadamente, o novo camisola amarela da 102.ª Volta a França em bicicleta, depois de uma atribulada quarta etapa, que devolveu o muro de Huy a Joaquim Rodriguez (Katusha)

Desiludido com a prestação na sua clássica favorita, a Flèche Wallone (foi quarto), o ciclista espanhol esperou pelo Tour para 'ajustar contas' com o muro de Huy, lançando um ataque que só Chris Froome seguiu. E o resultado foi o ideal para os dois: ‘Purito’ ganhou a etapa, o britânico vestiu a amarela e ainda amealhou segundos em relação ao seu trio de adversários.

Esperava-se que o mais famoso 'muro' belga proporcionasse espetáculo, mas as grandes emoções da terceira etapa foram antecipadas para o quilómetro 107 dos 159,5 desde Antuérpia: numa estrada plana, com uma reta a perder de vista e sem obstáculos no caminho, William Bonet (FDJ) tocou na roda de Warren Barguil (Giant-Alpecin) e caiu, provocando um efeito dominó no pelotão.

Numa Volta a França recheada de acontecimentos, o caos estava, de novo, instalado. Com o camisola amarela Fabian Cancellara, os portugueses Rui Costa (Lampre-Merida) e José Mendes (Bora-Argon 18) no chão, a direção da corrida tomou uma decisão drástica, neutralizando parcialmente a etapa, retomada pouco depois, antes de voltar a neutralizá-la até ao Alto de Bohisseau, situado a 50 quilómetros da meta, por não haver ajuda médica disponível para todos os envolvidos na queda.

Prudentes, as equipas dos candidatos preferiram evitar outras surpresas desagradáveis e tomaram a dianteira do pelotão, tão estreita quanto as estradas belgas, enquanto o vento e os efeitos colaterais da queda iam provocando cortes e, consequentemente, pequenos grupos com candidatos ao pódio, como Thibaut Pinot (FDJ), Romain Bardet (AG2R) ou Alejandro Valverde (Movistar), que reentraram, ou com Cancellara, que perdeu definitivamente o comboio e, assim, a camisola amarela – cortou a meta 11.43 minutos depois dos dois primeiros.

O nervosismo pós-queda ‘neutralizou’ o grupo da frente, com os ataques a acontecerem já no último quilómetro da subida ao denominado Muro de Huy (o nome deve-o à sua dureza, semelhante a subir um muro), com ‘Purito’ a saltar no seu ‘sítio’ para rumar, sem concorrência, à vitória – apenas Froome teve pernas para o acompanhar, mas, apesar de ter chegado com as mesmas 03:26.54 horas do vencedor, só colou durante a celebração do catalão.

Conhecido por ser um dos melhores ciclistas do pelotão em subidas curtas e explosivas, o veterano espanhol, de 36 anos, reconquistou o seu muro preferido, onde ganhou a Flèche Wallone, em 2012.

"Este é um lugar especial para mim, ganhei aqui a Flèche Wallone, uma clássica que adoro. No Tour é algo completamente diferente, talvez mais difícil, mas penso que é importante conhecer o terreno”, assumiu o líder da Katusha.

Mais significativa do que o triunfo de ‘Purito’ só mesmo a amarela de Froome, que, no seu jeito caraterístico, deu o primeiro esticão no grupo de favoritos, antes de tentar de novo e deixar para trás Vincenzo Nibali (Astana) e Nairo Quintana (Movistar), que chegaram 11 segundos depois, e, sobretudo, Alberto Contador (Tinkoff-Saxo), 12.º a 18 segundos.

“Isto é um pouco inesperado”, twittou o britânico da Sky, depois de descer do pódio, vestido com uma amarela 'roubada' por centímetros a Tony Martin (Etixx-Quickstep). O alemão continua na segunda posição, a um segundo da liderança, com Tejay Van Garderen (BMC) no terceiro posto, a 13 segundos.

Contador é agora oitavo, a 36 segundos do vencedor do Tour2013, enquanto Nibali está a 01.38 minutos e Quintana a 01.56.

Na terça-feira, o caos pode voltar, com o boletim meteorológico a ameaçar chuva para os sete setores de ‘pavé’ da quarta etapa, que vai ligar Seraing e Cambrai, no total de 223,5 quilómetros.