O ciclista galego Gustavo Veloso vai levar nas costas o peso da responsabilidade de liderar o FC Porto no regresso dos ‘dragões’ à estrada, mas, à agência Lusa, assegurou que o desafio representa uma pressão extra.

Gustavo Veloso aparece pela primeira vez equipado à FC Porto. Está descontraído, sinal de que já lida bem com o novo estatuto, o de líder de um dos ‘grandes’ do desporto nacional. Não gosta particularmente de futebol – jogou em miúdo, a lateral, mas desistiu porque era “muito mau” -, no entanto é o próprio a sugerir que, na ausência de uma bicicleta, pode dar uns toques na bola para as câmaras.

“No início, a notícia surpreendeu um bocado, impôs respeito. Mas agora, com o tempo, com a dinâmica estágio-treino, com a análise do calendário da época, já me concentrei no que estou habituado desde sempre, que é o ciclismo. Mas é verdade que tenho nas costas o peso da responsabilidade de estar a levar o nome de um clube histórico, não só aqui em Portugal, mas a nível mundial”, começou por dizer à agência Lusa.

Quase a completar 36 anos, o ciclista galego não sente a pressão de liderar os ‘dragões’ no seu regresso à estrada, 31 anos depois de terem integrado o pelotão pela última vez.

“Não sei como vou reagir quando for para a estrada [a primeira vez será na Volta ao Algarve] e a vir a estrada cheia de adeptos e de não tão adeptos, mas uma das coisas boas da experiência é saber lidar melhor com estas situações. Vamos tentar fazer o melhor possível para que toda a gente fique contente”, prometeu.

A parceria da W52 com o FC Porto surpreendeu-o parcialmente – “sou só um atleta, há muitas coisas que não conheço até estarem feitas, o que é normal, porque tenho de ter a cabeça no pedalar e não no que acontece nos escritórios” –, mas, por agora, “está tudo a correr bem”.

O desafio não o assusta, nem o assumido desejo da W52-FC Porto-Porto Canal de dar o salto para as grandes provas do calendário internacional.

“Seria um bom sinal. Independentemente de eu estar ou não, seria um bom sinal para todo o ciclismo português, para todos os corredores portugueses que [a sua formação] estivesse, por exemplo, na Vuelta. Se a equipa tiver o nome do FC Porto, que é conhecido no mundo inteiro, penso que até não seria apenas bom para o ciclismo português, mas também para o internacional, porque seria um exemplo a seguir para as outras equipas e um referente. Às vezes, isso faz a diferença”, analisou.

O cenário pode até concretizar-se a médio prazo, mas não suficientemente rápido para acontecer já na Volta a Espanha de 2016, que tem a particularidade de ter seis etapas totalmente galegas e uma sétima com partida na região.

À pergunta “gostaria de estar na Vuelta”, o corredor de Vilagarcía de Arousa responde prontamente com um “claro”, antes de mergulhar num silêncio momentâneo, nada habitual no homem que tem sempre a resposta certa preparada.

“Já passei essa época de dizer que me daria uma ilusão especial. Gostava de estar na Vuelta, porque é a Volta do meu país e com sete etapas onde eu moro, na Galiza... às vezes, deixa-me triste”, assumiu, algo emocionado, antes de voltar ao pragmatismo que o caracteriza: “Aqui também me sinto como em casa. Levo seis dos 15 anos da minha carreira como desportista em Portugal. Aqui nasci como ciclista, em 2001, e consegui dos melhores resultados. Não sinto falta de nada relativamente a Espanha. Tratam-me muito bem e penso que há bastantes possibilidades de terminar a minha carreira em Portugal”.