O português João Almeida (Deceuninck-QuickStep) controlou hoje os restantes favoritos para se manter na liderança da Volta a Itália em bicicleta, com Ruben Guerreiro (Education First) a recuperar a camisola azul, de líder da montanha.

O australiano Ben O'Connor (NTT), 24 anos, foi o vencedor da etapa, cumprindo os 203 quilómetros entre Bassano del Grappa e Madonna di Campiglio em 5:50.59 horas, cortando a meta isolado, após integrar a fuga do dia, com 31 segundos sobre austríaco Hermann Pernsteiner (Bahrain-McLaren), segundo, e 1.10 minutos sobre o belga Thomas de Gendt (Lotto Soudal), terceiro.

Na geral, os principais favoritos chegaram 5.11 minutos depois do vencedor, sem mudanças nos primeiros lugares, com Almeida, que cortou a meta em 15.º, a vestir a camisola rosa à frente da dupla da Sunweb.

O dia não registou a 'luta' pela rosa que prometiam as várias contagens de montanha de primeira categoria, com o português a beneficiar disso e a manter 17 segundos de vantagem para o holandês Wilco Kelderman, segundo, e 2.58 minutos para o australiano Jai Hindley, terceiro.

Para O'Connor, que ainda não tem contrato assinado para 2021, esta foi uma vitória de persistência, não só por ter levado a melhor aos restantes companheiros de fuga, como o 'especialista' Thomas de Gendt ou Pernsteiner, que aproveitou o resultado para subir a 11.º na geral, mas também por ser o segundo dia a expor-se na frente da corrida.

"Ontem [terça-feira] não estava nos planos entrar na fuga, mas, quando são 30 tipos, tens de lá estar. Hoje, o plano era estar na fuga, sim, e se alguém decidir perseguir-nos, estamos na frente para ajudar o Domenico [Pozzovivo, candidato à geral]. É uma situação em que só podemos ganhar", declarou o australiano.

Essa perseguição à fuga não se deu e O'Connor, que já tinha tentado bater o esloveno Jan Tratnik (Bahrain-McLaren) na 16.ª etapa, conseguiu hoje ser o melhor num "dia perfeito".

Ruben Guerreiro, que na terça-feira só tinha conseguido ganhar um ponto ao italiano Giovanni Visconti (Vini Zabù-KTM), a vestir a camisola desde que a 'tirou' ao luso, entrou hoje na fuga sem a companhia do rival.

Apesar de o belga Thomas de Gendt (Lotto Soudal) ter chegado aos 82 pontos e também poder 'ameaçar' a luta pela camisola azul, o português foi quem mais somou pontos hoje e chegou aos 198, contra 148 de Visconti, alimentando a esperança de poder estar no pódio final, no domingo, como rei da montanha em Itália.

A alta montanha testará os desígnios do ciclista luso, que já venceu a nona etapa e está a ter uma 'corsa rosa' de alto nível, começando logo na quinta-feira com a 'Cima Coppi', o ponto mais alto das 21 etapas, no caso o Passo di Stelvio, um 'monstro' de 2.758 metros acima do nível das águas do mar nos Alpes.

Na luta pela geral, João Almeida continua no pódio como líder da classificação geral e da juventude, com Guerreiro a somar uma terceira, de quatro, camisolas para Portugal, depois de um dia que prometia muito, mas em que a Deceuninck-QuickStep voltou a dar conta do recado e proteger o 'maglia rosa'.

O único ataque digno de monta, num dia em que o grupo rolou a um ritmo alto, por vezes imposto pelo italiano Fausto Masnada (Deceuninck-QuickStep), 10.º à geral, veio já perto do final, mas Almeida mostrou-se à altura e seguiu Kelderman.

"Tentámos forçar o João Almeida, mas a subida não era dura que chegue e ele esteve muito bem. (...) Ainda não desistimos, quinta-feira é um dia importante", atirou o holandês.

Na linha da meta não se registaram diferenças e todos chegaram com o mesmo tempo, mantendo-se 17 segundos entre primeiro e segundo, e perto de três minutos para os outros rivais mais próximos.

Com 15 dias de rosa, João Almeida parte na quinta-feira para a 18.ª tirada, que liga Pinzolo a Laghi di Cancano em 207 quilómetros, incluindo duas subidas de primeira categoria, uma delas quase em cima da meta, e uma de categoria especial, o Passo di Stelvio.

A 'cima Coppi' deste ano, a 2.758 metros de altitude, vai testar a liderança do jovem de 22 anos, sobretudo devido às alterações na 20.ª etapa, no sábado, já confirmadas pela organização.

Saem do traçado, devido às restrições impostas pela pandemia de covid-19, o Izoard e o Agnel, e a subida a Sestriere, para o final da etapa, torna-se ascensão tripla, ainda assim com menor dureza do que as montanhas francesas, o que pode favorecer João Almeida antes do contrarrelógio de domingo.