Peter Sagan surpreendeu-se a si próprio para acabar hoje com a seca de vitórias na Volta a França em bicicleta e, pela primeira vez na sua carreira, vestir a mais apetecida das amarelas.

Neste Tour de estreias – na véspera, tinha sido o britânico Mark Cavendish a conquistar a sua primeira amarela -, o eslovaco da Tinkoff cortou a meta na frente, no final dos 183 quilómetros desde Saint-Lô, mas não festejou nem o primeiro triunfo em etapas desde 2013 (o quinto no total), nem a subida à liderança, convencido que estava de que os últimos resistentes da fuga do dia já tinham chegado a Cherbourg-en-Contentin.

“Pensei que estava a lutar pelo terceiro lugar. Não sabia que tinha ganho, achava que ainda estavam dois corredores na frente. Fiquei incrédulo quando me disseram que tinha ganhado”, confessou, enquanto ia brincando com o facto de ir trocar a ‘cool’ camisola de campeão do Mundo pela bonita amarela.

Depois de 24 presenças entre os cinco melhores em etapas do Tour, o carismático eslovaco, rotulado como eterno segundo, chegou finalmente à vitória, que lhe escapava desde a sétima etapa de 2013, e trocou a sua cor habitual – a verde, da camisola que o premiou como ciclista mais regular nas últimas quatro edições - pela amarela.

“Isto é algo definitivamente muito especial”, assumiu, quando, em direto para todo o Mundo, foi informado de que era o novo líder da geral.

Num final de etapa talhado para as suas características – a pequena subida de terceira categoria nos derradeiros quilómetros fez a seleção no pelotão -, Sagan segurou uma última investida da nova coqueluche francesa, Julian Alaphilippe (Etixx-QuickStep), que teve de se contentar com o segundo lugar, à frente do espanhol Alejandro Valverde (Movistar).

No primeiro grupo, que cumpriu a segunda tirada em 04:20.51 horas, chegaram também Chris Froome (Sky), Fabio Aru (Astana), Nairo Quintana (Movistar) ou Rui Costa (Lampre-Merida), mas não outros candidatos, como Vincenzo Nibali (Astana) e Thibaut Pinot (FDJ), que se perderam no caos dos quilómetros finais e cederam 11 segundos.

Em nova etapa imprópria para cardíacos, Alberto Contador (Tinkoff) voltou a cair logo aos 60 quilómetros, arrastando consigo Rui Costa, Joaquim Rodríguez (Katusha) e Warren Barguil (Giant-Alpecin), Richie Porte (BMC) furou a pouco menos de cinco quilómetros da meta e viu a sua candidatura ao pódio hipotecada por uma estratégia dúbia da sua equipa – ficou sozinho e perdeu 01.45 minutos na meta – e o nervosismo mais do que evidente do pelotão quase se traduziu no sucesso de Jasper Stuyven.

O jovem belga da Trek-Segafredo, que andou em fuga desde o primeiro quilómetro, ‘abandonou’ os companheiros de jornada, Paul Voss e Cesare Benedetti (Bora-Argon 18) e Vegard Breen (Fortuneo-Vital Concept), a 8,5 quilómetros da meta e só foi apanhado a 450 metros de Cherbourg-en-Contentin, depois de, atrás de si, os ‘puncheurs’ do pelotão terem acelerado.

Contas feitas, Sagan lidera com oito segundos de vantagem sobre Alaphilippe e dez sobre Valverde, com Froome já confortavelmente colocado na quinta posição, a 14 segundos, tal como Quintana (7.º), Aru (11.º) e Rui Costa (20.º).

Contador e Porte foram os grandes perdedores da segunda etapa, sendo agora, respetivamente, 62.º, a 01.02 minutos, e 81.º, a 01.59 na geral individual. Depois de escoltar Nairo Quintana, o português Nelson Oliveira cedeu 02.52 minutos na meta e desceu a 93.º, a 03.06 minutos de Sagan.

Na segunda-feira, os ‘sprinters’ voltam a ter uma oportunidade, no final dos de 223,5 quilómetros da terceira etapa, cumpridos entre Granville e Angers.