A seleção nacional de ciclismo de pista foi hoje recebida com aplausos no regresso a Portugal, oriunda de Grenchen, na Suíça, onde alcançou quatro medalhas, uma delas de ouro, nos Europeus, entre terça-feira e sábado.
“Esta medalha sabe mesmo a ouro. Foram uns Europeus de excelência para toda a seleção e só temos de agradecer ao ‘staff’ técnico pelo que proporcionou. É o meu primeiro título na categoria de elite e isso tem sempre um sabor especial. Consegui-o depois de um ano de muito esforço, também na estrada, sempre perto de alguns bons resultados. É, claramente, o meu melhor resultado na carreira”, expressou Rui Oliveira.
O ciclista, de 25 anos, falava aos jornalistas logo após a chegada ao aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, onde reencontrou familiares e amigos com a camisola branca de campeão europeu de scratch vestida, num cenário festivo emoldurado com dezenas de bandeiras portuguesas, alguns cartazes de incentivo e gritos de campeão ensaiados.
“Nunca tinha chegado ao topo do pódio numa competição. Já tinha feito segundo e terceiro lugares, mas ser primeiro e poder ouvir o hino no pódio é outra sensação. O foco não se pode perder agora. Daqui a duas semanas, temos os Mundiais, e é para isso que vamos trabalhar. Vão ser um pouco mais exigentes, mas vou tentar o que fiz nestes Europeus e irei tentar lutar por um bom lugar. Medalhas? Seria extraordinário”, vincou.
Rui Oliveira, que corre pela UAE Emirates ao nível do pelotão WorldTour do ciclismo de estrada, sucedeu no scratch ao compatriota Iúri Leitão, vencedor dessa disciplina nos Europeus de 2020, com quem partilhou este ano o bronze na competição de madison.
“Conseguir representar o nosso país e trazer duas medalhas é muito gratificante. Estou muito feliz. A seleção está a trabalhar muito bem, como sempre. Além do trabalho e da dedicação que temos de ter, a união de grupo é aquela peça-chave que faz a diferença para as outras seleções. A pessoa mais responsável é o selecionador Gabriel Mendes”, analisou Iúri Leitão, de 23 anos, que ainda foi segundo colocado na corrida por pontos.
O papel do técnico também foi enaltecido por João Matias, o ciclista mais velho desta comitiva de cinco elementos, que, aos 30 anos, sobressaiu no Velódromo Tissot com a prata em eliminação, após “22 anos a trabalhar em busca de objetivos deste tamanho”.
“Competi logo no primeiro dia. Adaptei-me bem, estava com boas pernas e consegui alcançar uma medalha de prata. Acho que foi muito bom para levantar a pressão, tanto individual, como coletiva. Quando isso acontece, o grupo sente-se mais livre e as coisas acontecem normalmente. Temos um grande grupo e unidos somos mais fortes”, contou.
Maria Martins, que estreou Portugal na pista nos Jogos Olímpicos Tóquio2020, e a estreante Daniela Campos completaram a “excelente prestação” da equipa das ‘quinas’ em Grenchen, que “era expectável e não surpreendeu” o selecionador Gabriel Mendes.
“Os atletas estavam em muito boa condição e estiveram todos muito bem a lutar contra nações extremamente fortes. Conseguimos demonstrar o nosso valor e os pódios que obtivemos são resultado do nosso processo de trabalho, de toda esta equipa e de tudo aquilo que está por trás para permitir que os atletas estejam ao mais alto nível”, notou.
Portugal ficou na sexta posição dos países mais laureados nos Europeus de elites, ao contabilizar os mesmos quatro ‘metais’ da Itália, menos dois face à edição de 2020, na Bulgária, em que registou duas medalhas de ouro e outras tantas de prata e de bronze.
“Estar a ver as coisas do ponto de vista de número é um bocadinho relativo. O grau de rendimento que tivemos este ano, tendo em conta a competitividade, é extremamente bom. No setor masculino, em cinco provas possíveis, fizemos quatro pódios. É algo que não fazíamos até há pouco anos e estamos agora a conseguir. É evidente que não é fácil obter medalhas nos Europeus de elite e este ano a tarefa foi mais árdua”, enquadrou.
Depois da 12.ª edição dos campeonatos da Europa, a seleção nacional, que hoje foi recebida no aeroporto do Porto pelo presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo, Delmino Pereira, aponta aos Mundiais de Roubaix, em França, de 20 a 24 de outubro.
“Temos mais uma semana e meia. A competitividade vai aumentar e não é fácil chegar a lugares de pódios, mas vamos lutar para obter excelentes classificações e, se possível, chegar às medalhas. Os outros países também procuram aquilo que procuramos. O nosso compromisso é o trabalho e logo veremos como será”, concluiu Gabriel Mendes.
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