As principais figuras da Volta a França lamentaram hoje a desistência de Mark Cavendish, com Tadej Pogacar a dizer-se “muito triste” e Jonas Vingegaard a assumir que teria gostado que o ciclista britânico ganhasse a 35.ª etapa.

“Quando ouvi, durante a etapa, que o Mark tinha caído, fiquei verdadeiramente muito triste. Toda a gente queria que ele ganhasse uma etapa”, defendeu o esloveno da UAE Emirates.

O sprinter britânico da Astana, que procurava isolar-se como recordista de vitórias em etapas na Volta a França, desistiu hoje durante a oitava etapa da 110.ª edição, na sequência de uma queda.

A cerca de 60 quilómetros da meta, da tirada de 200,7 entre Libourne e Limoges, o ciclista de 38 anos caiu, ficou agarrado à clavícula/ombro direitos e acabou por ser encaminhado para a ambulância, com o seu abandono a ser anunciado pela organização do Tour.

Cavendish, que soma 34 triunfos em etapas na Volta a França, os mesmos do belga Eddy Merckx, procurava isolar-se como recordista de vitórias na prova francesa na sua última época como profissional, tendo sido mesmo segundo na sétima tirada, na sexta-feira.

“Ele estava em forma. Ontem [sexta-feira] esteve muito perto [de ganhar]. É mesmo mau”, lamentou Pogacar.

O bicampeão do Tour (2020 e 2021), de apenas 24 anos, confessou que ‘Cav’ era um dos seus ídolos na juventude. “Ainda me recordo de vê-lo sprintar nos Campos Elísios com a camisola da HTC. Queria ter o mesmo estilo, as mesmas pernas”, revelou o esloveno.

Ao contrário do segundo classificado da geral, o camisola amarela Jonas Vingegaard (Jumbo-Visma) só soube do azar do ‘Expresso da Ilha de Man’ na ‘flash-interview’ após a oitava etapa, ficando visivelmente surpreendido.

“Oh… lamento muito pelo Mark. Falo com ele, às vezes, durante a corrida, e ele é um tipo muito simpático. É muito triste ouvir que está fora da corrida. Adoraria tê-lo visto ganhar a 35.ª [etapa] e ficar com o recorde só para ele, em vez de ter de partilhá-lo [com Eddy Merckx]. Espero que ele esteja bem e que recupere bem”, disse o dinamarquês.

Também o seu compatriota Mads Pedersen (Lidl-Trek), vencedor da oitava etapa em Limoges, diante dos belgas Jasper Philipsen (Alpecin-Deceuninck) e Wout van Aert (Jumbo-Visma), mostrou a sua admiração por aquele que é considerado o melhor sprinter de sempre.

“Para mim, foi um prazer poder correr com o Mark. Sempre tive uma boa relação com ele no pelotão, é tão triste que uma tamanha lenda tenha de terminar o Tour desta forma”, declarou.

Recordando que o britânico ainda lhe deve uma camisola, Pedersen desejou o melhor a Cavendish e disse esperar poder alinhar na última corrida do homem da Astana, “para honrar uma lenda que se despede do ciclismo”.

A tristeza pela inglória despedida de ‘Cav’ da prova que o ‘eternizou’ foi também assinalada pelo diretor do Tour, com Christian Prudhomme a reconhecer que este é “um dia muito emotivo”, depois de “o melhor velocista na história” da corrida francesa ter sido forçado a abandonar.

“Na sexta-feira, durante uns segundos, pensámos que conseguiria [alcançar as 35 vitórias], mas agora acabou. Estamos todos tristes. Cavendish foi muito importante para o Tour”, notou.

Prudhomme enalteceu ainda o respeito que o duas vezes vencedor da regularidade (2011 e 2021) sempre teve pela ‘Grande Boucle’, contando um episódio antigo: “Lembro-me que ele uma vez pedalava sozinho pelos Alpes, quase fora de controlo, mas queria terminar. Tivemos de pedir à polícia que ainda não abrisse as estradas”.

O diretor do Tour garantiu ainda que Cavendish será “sempre bem-vindo” à prova, “com ou sem bicicleta”.