O ‘renascido’ Romain Bardet, novo segundo da geral, mostrou-se satisfeito com a sua prestação no Col du Granon, mas antecipou “uma grande luta” no Alpe d’Huez, na quinta-feira, na 12.ª etapa da Volta a França em bicicleta.

“Foi uma jornada verdadeiramente difícil, como previsto, a primeira grande jornada para a classificação geral. Não esperávamos que a corrida se tornasse tão dura logo no Col de Télégraphe […]. Depois, foi uma questão de pernas”, reconheceu o francês da DSM, referindo-se à primeira das três duras contagens de montanha ultrapassadas pelo pelotão hoje, nos 151,7 quilómetros da 11.ª etapa, disputada entre Albertville e o Col du Granon.

Bardet foi terceiro na meta, a 1.10 minutos do vencedor, o dinamarquês Jonas Vingegaard (Jumbo-Visma, novo camisola amarela, que deixou o segundo da tirada, o colombiano Nairo Quintana (Arkéa-Samsic) a 59 segundos.

Vice-campeão do Tour em 2016 e terceiro no ano seguinte, Bardet tinha afastado, à partida da 109.ª edição, uma candidatura ao pódio da prova, mas está, neste momento, em boa posição para repetir os feitos do passado, ao ser segundo classificado, a 2.16 minutos de Vingegaard.

“Estou contente com esta jornada. Agora, tenho de me concentrar na etapa de amanhã [quinta-feira], porque haverá outra grande luta”, previu o francês de 31 anos, que, em 2019, foi o ‘rei da montanha’ da ‘Grande Boucle’ e é um dos grandes nomes do ciclismo francês.

Bardet intrometeu-se na luta entre o novo camisola amarela e o ‘destronado’ Tadej Pogacar (UAE Emirates), terceiro a 2.22 minutos, e também negou um lugar no pódio a Geraint Thomas, o campeão de 2018, que é quarto na geral, a 2.26 de Vingegaard.

“Jonas Vingegaard foi incrível, agora vemos que o Pogacar não é invencível”, declarou o experiente ciclista da INEOS, antes de antecipar “movimentações e alterações” na etapa de quinta-feira, que termina no Alpe d’Huez, de regresso ao percurso do Tour após quatro anos de ausência.

“Penso que amanhã (quinta-feira) o Pogacar vai reagir. Não sei se vai ganhar a etapa, mas vai tentar”, disse, prevendo que a Jumbo-Visma irá controlar desde os quilómetros iniciais, pelo que, por isso, não serão tão “nervosos”.

Para ‘G’, “Jonas tem uma vantagem de mais de dois minutos, está muito forte e tem um coletivo de grande qualidade à sua volta”.

“Amanhã, é outro dia, espero recuperar bem e ter uma palavra a dizer”, acrescentou o galês, depois de ter ultrapassado “um dia verdadeiramente difícil”, que ‘eliminou’ candidatos ao pódio, como Primoz Roglic (Jumbo-Visma) ou Enric Mas (Movistar).

Apesar de se ter “afundado”, o ‘vice’ do Tour2020 estava contente. “Dá-me igual, porque dei tudo”, afirmou Roglic, responsável pelo primeiro ataque no grupo de favoritos, ainda no Télégraphe.

O esloveno perdeu mais de 11 minutos para o seu companheiro e está arredado da luta pelo ‘top 3’, ao ser 14.º da geral, a quase 14 minutos da amarela, mas fez um balanço positivo da sua jornada nos Alpes.

“Soube pelo rádio o que tinha feito o Jonas. É um dia muito bom para nós. Demos tudo. Foi duro, mas no final ganhou o mais forte”, evidenciou, admitindo que os homens da Jumbo-Visma não sabiam se iam ter sucesso quando se revezavam nos ataques a Pogacar.

Ao contrário de Roglic, Enric Mas não tem motivos para sorrir, depois do descalabro na 11.ª etapa, em que perdeu mais de oito minutos para Vingegaard.

“Tive um dia muito mau. Senti-me ‘vazio’ desde o início do Galibier. Agora, quando chegarmos ao hotel, com tranquilidade, falaremos do que podemos fazer. Temos de refletir e ver como encaramos a etapa de amanhã [quinta-feira]”, disse o líder do português Nelson Oliveira.

Décimo na geral, o espanhol, que foi quinto no Tour em 2020 e sexto no ano seguinte, espera que “este tenha sido um dia para aprender e melhorar”.

“Muita gente teve um dia mau, outros tiveram um bom. Eu fui um dos que teve um dia mau. Amanhã será outro dia”, concluiu.

Na quinta-feira, o pelotão enfrenta a segunda jornada nos Alpes, uma ligação de 165,1 quilómetros, que começa em Briançon, sobe novamente o Galibier, por outra vertente, depois o Col de la Croix-de-Fer e termina no Alpe d'Huez.