A Volta a Itália em bicicleta sofreu hoje uma revolução, a dois dias do fim, numa etapa alpina que 'eliminou' um líder (Steven Kruijswijk) e elegeu outro (Esteban Chaves), recolocando Vincenzo Nibali na luta pelo triunfo.
O italiano da Astana ganhou a 19.ª etapa, chegando isolado a Risoul, nos Alpes franceses, com 51 segundos de avanço sobre o espanhol Mikel Nieve (Sky) e 53 em relação ao colombiano Esteban Chaves (Orica-GreenEDGE), que beneficiou da queda do holandês Steven Kruijswijk (LottoNL-Jumbo) para vestir a camisola rosa. O português André Cardoso (Cannondale), 12.º na tirada, deu um pulo para 16.º da geral.
Depois de passar no 'gigante' e nevado Agnello (2.744 m) - o 'teto' do Giro, na fronteira franco-italiana - Kruijswijk, que envergava o símbolo da liderança desde o passado sábado, caiu a 55 quilómetros da chegada, numa das primeiras curvas da longa e perigosa descida para Queyras, quando tentava seguir Nibali e Chaves.
Magoado no fundo das costas e com o cotovelo esquerdo ensanguentado, o holandês fez tudo o que pôde para limitar o a diferença, mas abordou a subida final com dois minutos de atraso e chegou ao topo no 16.º lugar, quase cinco minutos depois de Nibali, pagando caro o erro de ter tentando seguir um dos grandes especialistas a descer.
O mesmo sucedeu ao russo Ilnur Zakarin (Katusha), que era quinto à partida de Pinerolo e que abandonou com fraturas na clavícula e na omoplata esquerdas, após uma queda na mesma descida.
Na subida final (12,9 km a 6,9%), Nibali apareceu finalmente no seu melhor e sentenciou a etapa nos últimos cinco quilómetros, para completar os 162 quilómetros em 4:19.54 horas e subir do quarto ao segundo lugar, a 44 segundos de Esteban Chaves, enquanto Kruijswijk caiu para terceiro, a 1.05 minutos, e o espanhol Aljeandro Valverde (Movistar) para quarto, a 1.48.
"Passei dias difíceis. Hoje foi a redenção", afirmou o siciliano, que procura um segundo triunfo no Giro, depois do alcançado em 2013. O corredor de Messina falou somente depois de secar as lágrimas, dedicando o triunfo a um adolescente da equipa de jovens que tem o seu nome e que morreu acidentalmente durante a Volta a Itália e também aos companheiros, em especial Michele Scarponi, que poderia ter ganhado a etapa e esperou para o ajudar.
Depois de Nieve e Chaves, chegou o italiano Diego Ulissi (Lampre-Merida), a 1.02, seguido do polaco Rafal Majka (Tinkoff), do espanhol Alejandro Valverde (Movistar) e do colombiano Rigoberto Uran (Cannondale), todos a 2.14. André Cardoso cruzou a linha 24 segundos depois do seu chefe de final e subiu quarto lugares na geral, para 16.º, a 31.11 de Nibali.
Ao italiano, vencedor da Volta a França em 2014, só lhe resta atacar no sábado, na 20.ª e penúltima etapa, uma tirada com dose reforçada de montanha, incluindo dois ‘cols’ acima dos 2.000 metros ainda em solo francês - Vars e La Bonette (2.715 m) - e um na fronteira - Lombarda - antes da pequena ascensão final para Sant'Anna di Vinadio, 134 quilómetros depois da partida em Risoul.
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