Raúl Alarcón (W52-FC Porto) esquivou-se hoje a projetar o seu futuro, preferindo não se pronunciar sobre o sonho do WorldTour, nem sobre uma eventual terceira vitória consecutiva na Volta a Portugal em bicicleta.

“O ano passado era a primeira Volta que ganhava e foi incrível. Agora, repetir... o que posso dizer? É impressionante ganhar a segunda Volta. Estou muito contente de voltar a vencer a Volta”, disparou, nas primeiras declarações depois da festa no pódio, em Fafe.

Sentado numa ‘sala de conferências’ de imprensa improvisada – uma mesa, três cadeiras, e os jornalistas de pé à sua frente, - o alicantino foi contido nas palavras, mas assumiu estar de regresso à nuvem à qual subiu em 2017, quando conquistou a sua primeira amarela final.

“Nós trabalhamos muito para conseguir vencer. A verdade é que houve um momento-chave na Volta, aquele em que ataquei na descida [na terceira etapa], e ganhei tempo aos adversários. Depois, nas Penhas da Saúde [na quarta], onde ganhei mais tempo. O objetivo era manter até ao crono final, para tentar ganhar a Volta. Ontem [sábado] também, na Senhora da Graça, foi um momento muito bom para nós, porque vencemos e os nossos rivais não conseguiram responder”, resumiu.

Enumerados os seus três triunfos em etapas, exemplos máximos do seu domínio, Alarcón confessou que houve outro fator tão ou mais decisivo na sua vitória final: a não desistência de Rui Vinhas, que decidiu não abandonar a Volta a Portugal após a queda grave que sofreu na quinta tirada para não desamparar o seu ‘irmão’.

“Foi muito mais importante do que possam pensar. Para mim foi muito importante que o Rui estivesse na corrida. Tudo fez para continuar, no estado em que estava, e eu agradeço muito”, assumiu, antes de perder-se nos elogios aos outros companheiros.

“Agora, vamos festejar todos juntos. Estarei com os meus colegas, família e amigos… e com vinho verde, se o Nuno [Ribeiro] me deixar”, brincou, com o diretor desportivo sentado ao lado.

E, tal como no ano passado, nestes festejos também não faltará o seu bolo preferido, o ‘napoleão’ (também conhecido por mil-folhas) de uma pastelaria em Valongo.

“O meu amigo Quintino disse-me: se no ano passado eram cinco metros, este ano, se ganhas, vai ser o dobro. E eu respondi: “Pois, está bem”. Assim, ele já sabe”, contou, de sorriso rasgado.

Apostado em viver o presente e celebrar o seu feito, o espanhol de 32 anos garantiu não estar a pensar num regresso ao WorldTour, o topo do ciclismo mundial ao qual chegou quando tinha apenas 20 anos, em 2007.

“Estou bem aqui, gosto de aqui, nesta equipa, e agora não consigo pensar nisso. Estou muito bem aqui em Portugal”, acrescentou, fugindo também à questão sobre um ‘tri’ na próxima Volta a Portugal: “Há que pensar que ganhei a segunda. No próximo ano já se verá”.