“Acima de tudo, vou encarar esta Volta a Portugal como as outras todas. Serei sempre um atleta útil para aquilo que o diretor desportivo entender, mas, como é natural, esta Volta irá ser especial. Sairei com o dorsal número 1 e isso traz-me boas memórias. E espero que seja um bom sinal”, admitiu o vencedor da edição do ano passado, em declarações à agência Lusa.
O algarvio, de 30 anos, parte para esta Volta a Portugal, que arranca na quarta-feira em Lisboa, como campeão em título, mas escusa-se a desvendar a estratégia de uma W52-FC Porto com três teóricos líderes – além de Antunes, os ‘dragões’ contam também com João Rodrigues, vencedor em 2019, e Joni Brandão.
“Internamente, obviamente que temos tudo bem estruturado, tudo bem definido, porque, lá está, se as coisas assim não fossem, não funcionavam. Internamente, sabemos para o que é que vamos, sabemos aquilo que realmente queremos, que é vencer a Volta a Portugal. Agora, os dados serão lançados nos momentos exatos”, declarou.
Antunes garante não estar preocupado com a possibilidade de ter de trabalhar para um dos seus companheiros, caso estejam em melhores condições para vencer a 82.ª edição, recordando que os ‘portistas’ já deram provas de que é “na base da união e da garra” que conseguem “os grandes resultados”.
“Temos o exemplo da Volta ao Algarve, em que, na etapa do Malhão, fomos isso mesmo, fomos uma equipa unida. Temos de ter a humildade suficiente para saber dizer quando temos de dar a nossa camisola pelo colega e acho que isso é o ADN desta equipa. O líder, seja ele quem for, tem de ter essa humildade. Acho que é assim que construímos um grande grupo”, sublinhou.
Para o ciclista de Vila Nova de Cacela, “um atleta sozinho não consegue ganhar, mas se tiver uma grande equipa consegue triunfar”.
“Acho que grande parte do sucesso desta equipa é nessa raça e nesse espírito, e tem sido sempre esse o grande trunfo das vitórias da Volta”, completou.
Embora não deixe de recordar que o importante é ser a equipa, vencedora das últimas oito edições de forma consecutiva, a subir ao lugar mais alto do pódio no dia 15 de agosto, em Viseu, o algarvio não esconde que gostava de vencer uma edição ‘normal’, que recupera o formato habitual da prova rainha do calendário nacional, depois de ter conquistado uma edição especial, encurtada e deslocada para finais de setembro e profundamente marcada pela covid-19.
“Costumo dizer que a primeira é a que custa mais. Obviamente que o ano passado foi um ano especial, penso que será um ano que ficará marcado para a toda a história da Volta a Portugal. Posso dizer até que me disseram que fui o primeiro ciclista a ir de máscara amarela para o pódio. Isso, obviamente, irá sempre fazer parte da história. Infelizmente, não por um bom motivo, mas acaba por ser algo bom. Acabámos por esquecer um pouco toda aquela coisa da covid”, recordou.
Caso defendesse com sucesso o título na Volta a Portugal, e tendo em conta que deverá herdar a vitória de 2017 de Raúl Alarcón, desclassificado por doping – a Federação Portuguesa de Ciclismo ainda não homologou a nova classificação -, Antunes igualaria os míticos Alves Barbosa e Joaquim Gomes, ambos com três vitórias na prova.
“É uma novidade que estou a receber agora. Não foi coisa que ainda tivesse pesquisado. Qualquer atleta profissional ambiciosa bater recordes e conquistar triunfos e tentar sempre ser combativo. Eu também o sou [ambicioso]. Trabalho todos os dias nesse intuito, para estar na melhor forma possível, e, claro, poder fazer esse tipo de feitos é um orgulho para mim e certamente é algo que ainda iria motivar-me mais para os próximos anos”, reconheceu.
Dizendo-se “tranquilo” para este ano, e “consciente” de que fez “tudo aquilo que poderia fazer” para se preparar para a 82.ª edição, Antunes falou ainda do recorde de cinco triunfos do espanhol David Blanco, admitindo à Lusa que “é sempre muito bom sonhar com esse tipo de recorde”.
Antunes diz estar “feliz” na W52-FC Porto e em Portugal, pelo que não pondera repetir a aventura internacional – esteve na CCC nas temporadas de 2018 e 2019.
“Passei uma bonita experiência, por opção também regressei, porque, muitas vezes, é mais importante a nossa motivação e bem-estar e acho que aqui encontro isso. Também me dá mais oportunidade para estar junto da família, que era coisa que não tinha. Tenho 30 anos, não me posso considerar um velho, mas também para novo não caminho, e é o momento de desfrutar”, concluiu.
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