Julian Alaphilippe elegeu estar na Volta ao Algarve para assinalar o “novo começo” da sua carreira, rejeitando, contudo, ter pretensões à geral da 51.ª edição, tal como o ciclista italiano Filippo Ganna, o vice-campeão de 2023.

“Primeiro, estou muito feliz por estar à partida para a minha primeira Volta ao Algarve. Ontem [domingo], foi a primeira vez que corri em Portugal e estou muito feliz por estar aqui. Já vi a corrida na televisão, é muito bonita, um país bonito e uma região simpática. Todos me dizem que é uma corrida dura todos os dias”, ‘disparou’ o francês da Tudor.

Numa conferência de imprensa no Museu de Portimão, cidade que quarta-feira acolhe a partida da 51.ª ‘Algarvia’, ‘Loulou’ foi igual a si próprio, encantando os presentes com a sua simpatia, coroada com um ‘obrigado’ no final da sua sessão de perguntas.

“Estou desejoso de correr e de ganhar ritmo competitivo depois de um inverno longo. Ontem [domingo], foi bom colocar alguma dor nas pernas pela primeira vez na época”, disse, numa alusão à Clássica da Figueira, na qual foi oitavo.

Após 11 temporadas no WorldTour, na estrutura da Soudal Quick-Step, o carismático francês optou por baixar de ‘divisão’ para relançar a sua carreira, na qual soma 44 vitórias, entre as quais se destacam seis etapas na Volta a França, três Flèche Wallonne (2018, 2019 e 2021), a Milão-Sanremo e a Strade Bianche em 2019, e uma etapa na última Volta a Itália.

Foi em Portugal que o bicampeão mundial de fundo (2020 e 2021) decidiu começar a temporada, a sua primeira com as cores da Tudor, que tem o português Ricardo Scheidecker como diretor.

“Eu não escolhi [começar em Portugal], ele obrigou-me, de alguma maneira [ri-se]. Sei que é uma boa corrida. Claro que o Ricardo é português e eu nunca corri em Portugal. Penso que, para mim, neste novo começo, com a minha nova equipa, era bom começar uma época nova de uma maneira diferente”, reconheceu.

O francês não tem, contudo, ambições para a classificação geral, garantindo que o seu objetivo e o da equipa é tentar ganhar uma etapa.

“Temos o Alberto Dainese que é um sprinter, por isso a primeira etapa será uma jornada importante para ele, para nós. Espero ter boas pernas nas etapas difíceis, nomeadamente na segunda, terceira etapas. Temos uma boa equipa, supermotivada para tentar ganhar uma etapa”, concluiu.

Também presente na conferência de imprensa, tal como o português João Almeida (UAE Emirates), Filippo Ganna tinha negado veementemente ainda antes de começar a falar, através de gestos com as mãos, ser um dos favoritos à geral desta ‘Algarvia’, algo que justificou pouco depois.

“[Objetivo é] encontrar as boas sensações [ri-se]. Claro que gostava de ganhar o ‘crono’, mas é muito inclinado. É muito duro. Penso que com o meu peso não posso ganhar. Vou tentar, mas estou bastante certo de que será duro”, antecipou.

Crónico candidato à vitória em contrarrelógios, especialidade em que se sagrou campeão mundial em 2020 e 2021 e vice-campeão olímpico em Paris2024, o italiano da INEOS tem este ano como grande obstáculo a ascensão ao Malhão, a contagem de segunda categoria onde vai terminar o contrarrelógio da última etapa, no domingo.

“Temos dois grandes corredores à minha esquerda, penso que podem ser dois favoritos. [Jonas] Vingegaard também pode estar muito forte. Veremos dia a dia o que pode acontecer. É uma corrida dura. Não tem muito plano, é todo o dia sobe e desce, e as pernas sofrem muito”, resumiu o vice-campeão da edição de 2023 da única prova portuguesa por etapas do circuito UCI ProSeries.

Sobre as aspirações da INEOS, que traz um coletivo de peso com Geraint Thomas, campeão da ‘Algarvia’ em 2015 e 2016, Tobias Foss, quarto da geral em 2023, e Thymen Arensman, quinto no ano passado, o multimedalhado ciclista italiano afirmou que a equipa tentará “tudo para ganhar” a geral.

“Chegamos aqui com alguns rapazes doentes, com problemas estomacais. Cruzamos os dedos e vamos ver o que acontece”, revelou.

A 51.ª Volta ao Algarve arranca na quarta-feira, em Portimão, e termina no domingo, com uma ‘cronoescalada’ com final no Malhão.