A W52-FC Porto reiterou hoje confiar nos oito ciclistas suspensos preventivamente pela Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP), clarificando que alinhará na 83.ª Volta a Portugal com outros corredores “para lutar pela vitória na estrada”.

“Face às últimas notícias veiculadas pela comunicação social a propósito da suspensão preventiva de oito dos seus atletas, a W52-FC Porto vem esclarecer que sempre pugnou pela verdade e o fair-play desportivo, bem como pela condenação do uso de quaisquer substâncias dopantes”, começa por dizer o comunicado assinado por Adriano Quintanilha, o ‘patrão’ da equipa, e publicado no sítio oficial do FC Porto.

A nota indica que a equipa, que se encontra “a colaborar ativamente com as entidades Reguladoras e Fiscalizadoras do ciclismo em Portugal, designadamente a Federação Portuguesa de Ciclismo e a ADoP, em busca da verdade desportiva”, alinhará na próxima Volta a Portugal sem “os atletas suspensos”.

“Os resultados alcançados nos últimos anos, com indiscutível mérito desportivo, continuam, não obstante, a justificar a confiança que a equipa deposita nos ciclistas entretanto suspensos preventivamente pela ADoP, cuja presunção de inocência se mantém intacta até prova em contrário”, acrescenta.

Em 15 de julho, oito ciclistas e dois elementos do ‘staff’ da W52-FC Porto foram suspensos preventivamente pela Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP) no âmbito da operação ‘Prova Limpa’.

No dia seguinte, a identidade de seis desses ciclistas foi conhecida quando os mesmos foram impedidos de alinhar na terceira etapa do Grande Prémio Douro Internacional, que acabou por ser conquistado por José Neves, o único representante da equipa que continuou em prova.

Foram afastados Ricardo Vilela e José Gonçalves, além de quatro antigos vencedores da Volta a Portugal: João Rodrigues (2019), Rui Vinhas (2016), Ricardo Mestre (2011) e Joni Brandão, que ‘herdou’ a vitória na edição de 2018 depois da desclassificação, por doping, do também ‘dragão’ Raúl Alarcón.

Na sexta-feira, a organização da Volta a Portugal confirmou a presença da W52-FC Porto na 83.ª edição da prova, que decorre entre 04 e 15 de agosto, entre Lisboa e Gaia, com o diretor, Joaquim Gomes, a argumentar que a equipa não está suspensa e que poderia participar com outros corredores contratados na ‘janela de novas inscrições’, que abre em 01 de agosto.

Hoje, Quintanilha defendeu que a participação dos ‘dragões’ na corrida ‘rainha’ do calendário nacional “trará uma motivação acrescida a todos os atletas e dirigentes, que saberão lutar pela vitória na estrada, honrando um clube e uma equipa que tem vindo a dominar o panorama do ciclismo nacional com indiscutível mérito”.

Além dos ciclistas que alinhavam no GP Douro Internacional, a W52-FC Porto conta ainda nas suas fileiras com Amaro Antunes, três vezes vencedor e bicampeão em título da Volta (2021, 2020 e 2017), Jorge Magalhães, Samuel Caldeira e Daniel Mestre, estes últimos também suspensos, segundo confirmou Quintanilha ao jornal Record.

No final de abril, 10 corredores da W52-FC Porto foram constituídos arguidos e o diretor desportivo da equipa, Nuno Ribeiro, foi mesmo detido, assim como o seu adjunto, José Rodrigues, no decurso da operação ‘Prova Limpa’, a cargo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) do Porto.

“A operação policial, envolvendo um total de cerca de 120 elementos provenientes da Diretoria do Norte e ainda das Diretorias do Centro e do Sul, da Unidade Nacional de Combate à Corrupção e dos Departamentos de Investigação Criminal de Braga, Vila Real e Guarda, contou ainda com a colaboração da ADoP”, detalhou a PJ, em 24 de abril.

A estrutura W52, ligada ao FC Porto há seis épocas, venceu as últimas nove edições da Volta a Portugal, mas os triunfos do seu corredor espanhol Raúl Alarcón, em 2017 e 2018, foram-lhe retirados também por “uso de métodos e/ou substâncias proibidas”.