O selecionador de futsal da China, André Lima, afirmou, em entrevista à agência Lusa, estar feliz naquele país asiático e rejeita, para já, um regresso a Portugal, onde diz não ser desejado.

«Sou profissional, estou muito feliz na China, com um enorme projeto que me está a dar imenso prazer, está a ser muito gratificante, que é reconhecido. Regressar a Portugal? Quando sair da China, nem sei se vou regressar a Portugal. Eu quero estar onde me sinta feliz, onde seja desejado. Se não me sinto desejado em Portugal e se me sinto feliz na China, espero continuar cá por mais tempo», referiu.

Apesar da distância, o antigo treinador do Benfica tem acompanhado o campeonato português, que, na sua opinião, está «mais fraco do que em outros anos», apesar de um «Sporting que está a dominar completamente».

«Por muito mérito que o Sporting possa apresentar, quando me falam dos golos marcados e sofridos do Sporting não é um bom sinal. Há qualidade, mas o Sporting não é uma super-equipa. Já houve equipas muito mais fortes em anos anteriores e que não conseguiram fazer o que o Sporting está a fazer, mas porque não há concorrência», considera.

Para André Lima, «há um Benfica muito abaixo do que habituou e as outras equipas não têm nada a ver com as que havia há três, quatro, cinco anos», numa altura em que «havia mais dificuldades em ganhar jogos e plantéis muito mais fortes».

«Acho que o Sporting está forte, mas dentro do normal, quem está fraco é o Benfica, que é um dos culpados por o Sporting estar a fazer história. Depois há uns Leões de Porto Salvo, um Fundão, que são equipas que não me parecem suficientemente fortes para criar um campeonato mais competitivo», afirmou.

O antigo internacional português considera que seria benéfico que fosse adotada em Portugal uma regra que existe na China, que impede que mais de dois estrangeiros por equipa estejam em campo ao mesmo tempo.

«Há bons treinadores em Portugal a formar jovens, que precisam de oportunidades. Se o campeonato está fraco, se não há dinheiro, em vez de se dar 800 euros a um brasileiro, que não é muito bom, podiam investir-se 300 euros num jovem, que era melhor para o futsal português», admitiu.

Chegado à China há quase dois anos, André Lima, que assumiu recentemente o cargo de selecionador, diz que está a viver «uma experiência fantástica, muito gratificante», porque quando chegou ao país quase não havia futsal e agora fica «muito feliz» por ver o seu nome associado à evolução da modalidade.

«A China está a precisar de trabalhar muito na formação. A China lembra-me, há 12, 15 anos, o início do futsal em Portugal, com muita desorganização», lembrou.

Desde que chegou à seleção, André Lima já promoveu a alteração dos quadros competitivos, criando um campeonato com “play-offs”, a seleção de sub-23 masculina e a seleção AA feminina, considerando que a organização coletiva é a grande dificuldade com que se tem debatido.

«As diferenças ainda são muitas. A maior é, sobretudo, em termos de mentalidade, essencialmente da forma como eles olham para o trabalho coletivo. É muito difícil trabalhar o jogo coletivo na China, porque eles são muito fortes individualmente, mas não são tão fortes em termos coletivos», referiu André Lima, que recordou o «choque» que foi para os chineses a sua forma de trabalhar.

Para André Lima, a China pode ser, dentro de dois, três anos, uma das grandes potências do futsal asiático, devido à profissionalização que se tem verificado nas últimas épocas.