O italiano Damiano Caruso (Bahrain-Victorious) venceu hoje a 20.ª etapa da Volta a Itália em bicicleta, mas o segundo à geral não chegou a assustar o colombiano Egan Bernal (INEOS), que hoje praticamente ‘agarrou’ a vitória final.

Caruso cumpriu os 164 quilómetros entre Verbania e Alpe Motta em 4:27.53 horas, batendo o líder Egan Bernal por 24 segundos, com o colombiano Daniel Martínez (INEOS) no terceiro lugar, a 35, e o português João Almeida (Deceuninck-QuickStep) em quinto, a 41.

Antes da 21.ª e última etapa, Bernal lidera a geral com 1.59 minutos de vantagem para o italiano, com o britânico Simon Yates (BikeExchange) em terceiro, a 3.23. João Almeida segue no oitavo posto da geral, a 8.50.

Caruso fez, com o francês Romain Bardet (DSM), quarto na tirada, o ataque decisivo, na descida de uma de três principais subidas do dia, acompanhados por um colega de equipa cada, e ambos sonhavam em subir na geral e com a vitória em etapa, ainda que o ataque não tenha ‘assustado’ uma INEOS determinada em controlar as operações desde trás, gerindo a vantagem confortável do líder colombiano.

Puxado pelos ‘tifosi’ nos últimos quilómetros, manteve todos os candidatos bem longe de si e ainda cimentou o segundo lugar, aproximando-se de um Bernal que, ainda assim, tem tudo para vencer a segunda grande Volta do palmarés, depois da Volta a França de 2019.

“Não sou um campeão, mas tive o meu dia como campeão hoje”, atirou, emocionado, um Damiano Caruso, que aproveitou o abandono do espanhol Mikel Landa, que seria o chefe de fila da equipa na prova.

Em vez disso, o homem de 33 anos natural de Ragusa somou a segunda vitória da carreira, depois do Circuito de Getxo de 2020, e vai somar um pódio numa grande Volta a um palmarés discreto, que comprova a dedicação a chefes de fila das equipas ao longo dos anos, mas no qual se incluem ‘top 10’ nas três principais corridas do calendário, além de um segundo lugar no Tirreno-Adriático de 2018.

Atrás, o grupo dos favoritos encolhia e encolhia, com um ‘iô iô’ constante de João Almeida: o português parecia perder o contacto por diversas vezes na subida final até Alpe Motta, apenas para encontrar forças para continuar junto de Bernal.

A INEOS, por seu lado, já tinha feito o trabalho de limitar a vantagem dos homens da frente, primeiro com o espanhol Jonathan Castroviejo, em descida, e depois com Daniel Martínez, que além de ser terceiro na tirada ainda subiu ao sexto lugar na geral, num dia em que Simon Yates, de quem muito se esperava para a etapa, desiludiu.

Pelo caminho foram ficando vários dos candidatos: o russo Aleksandr Vlasov (Astana), quarto, o britânico Hugh Carthy (Education First-Nippo), principal derrotado ao cair para sétimo, e outros ciclistas que estavam já atrás de João Almeida na geral, consolidando o ‘top 10’ do ciclista da Deceuninck-QuickStep, hoje em nova exibição de saber sofrer.

No fim de contas, o quinto lugar na etapa do português permitiu-lhe ganhar tempo a alguns adversários na luta pelos lugares finais no ‘top 10’, com a exceção de Bardet, Martínez e dos dois primeiros.

À entrada para o contrarrelógio decisivo, numa especialidade na qual João Almeida é um dos melhores, o luso está a 1.02 de Bardet, no quinto lugar, e a 1.43 de Vlasov, no quarto lugar.

O outro português em prova, Nelson Oliveira (Movistar), foi hoje 59.º e cedeu duas posições na geral, para o 28.º posto, antes do ‘crono’ que é também o seu forte.

A 104.ª edição da Volta a Itália termina no domingo, com um contrarrelógio individual que liga Senago a Milão em 30,3 quilómetros.