O treinador Hélder Antunes disse hoje ter ficado "orgulhoso com a atitude da seleção" feminina, que terminou no quinto lugar o Mundial2019, em Espanha, apesar de admitir que o objetivo era lutar pelas medalhas.
"Nós queríamos passar às meias-finais, andar a lutar pelos primeiros lugares e tentar chegar às medalhas", disse Hélder Antunes, acrescentando que "a partir do momento que tal deixou de ser possível só restava alcançar a melhor classificação".
Afastada nos quartos de final pelo Chile (4-2), orientado pelo português José Querido, e impedida, por isso, de lutar pelas medalhas, a seleção portuguesa foi remetida para a luta entre o 5.º e 8.º lugares e terminou à frente da restante concorrência.
"Conseguimos, mas não nos faz ficar satisfeitos. Não estamos tristes, porque acima de tudo vimos potencial e uma equipa que cresceu", disse o treinador, no final do triunfo por 7-3 sobre a Alemanha, em jogo disputado no pavilhão Isaac Gálvez, em Vilanova.
Hélder Antunes considera ainda que a sua equipa, "se calhar, foi a única em todo o mundial que jogou sempre de pé no acelerador, com pressões altas, e olhos nos olhos com as potências da modalidade”, apesar de “o campeonato em Portugal nem semiprofissional ser”.
"Acho que merecíamos mais, e isto não é um amargo de boca, mas temos que estar orgulhosos do que fizemos. Melhorámos em relação ao [sétimo lugar do] último mundial e vamos continuar de pé e a trabalhar para isso continuar a acontecer", explicou.
O treinador disse que todos estão a aprender com a experiência recolhida e a trabalhar no sentido de daí tirar rendimento para o futuro, dizendo que, para que a modalidade evolua, tem de haver uma alteração profunda nas mentalidades em relação aos desportos no feminino.
Hélder Antunes elogiou "o comportamento e a atitude da equipa, que, por muitas vezes, não teve a estrelinha da sorte", principalmente na finalização, e considerou que os resultados verificados nem sempre espelharam o que se passou na pista.
"Temos que olhar para a frente e havemos de regressar mais fortes e conseguir resultados melhor do que este", disse o treinador, considerando que se Portugal tivesse cerca de 30 por cento de eficácia no primeiro jogo do mundial, em que perdeu 3-2 com a Itália, tinha ganho por muitos.
Hélder Antunes afirmou ainda estar "orgulhoso com a forma como as atletas dignificaram a camisola" e recordou que a seleção feminina sofre do estigma de ser elevada ao nível da masculina, que está entre as potências mundiais, e isso não corresponde à verdade.
"Estas atletas sofrem da comparação com o hóquei masculino", disse o treinador, explicando que isso é devido ao facto de em qualquer competição que entrem serem apontadas como potência e candidatas, a exemplo dos homens, e tal não corresponde à verdade.
Em relação ao jogo de hoje, na despedida de Portugal do Mundial2019, o treinador disse que a seleção "esteve mais solta", conseguiu o segundo golo de vantagem e ficou tranquila, mas a Alemanha voltou ao jogo e depois deram uma boa resposta.
A capitã Marlene Sousa, que marcou três golos frente à Alemanha (7-3), também partilha da opinião do seu treinador, Hélder Antunes, de que Portugal podia ter ido mais longe, mas que não vale a pena olhar para trás e pensar nos ses.
"A partir do momento que íamos lutar pelo quinto lugar, agarrámos essa ocasião. Merecíamos mais, mas a finalização foi o nosso principal problema, senão a história do Mundial podia ter sido outra", disse Marlena Sousa.
A capitã disse ainda que melhorar a finalização é um dos aspetos a melhorar para o próximo campeonato e que só analisando o que não correu bem nesta é que a seleção pode evoluir.
As seleções de Espanha - detentora do troféu - e da Argentina disputam domingo o título mundial feminino, numa reedição da final de há dois anos em Nanjing, na China, que será dirigida pelos portugueses Joaquim Pinto e José Pinto. Chile e Itália decidem o terceiro lugar.
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