Centenas de estudantes da Escola Portuguesa de Luanda (EPL) receberam hoje em apoteose a seleção portuguesa de hóquei em patins, numa manifestação de apoio que sensibilizou os atletas e o secretário de Estado do Desporto e Juventude.

Emídio Guerreiro, que chegou hoje de manhã a Luanda para uma visita de trabalho de três dias, só teve tempo de ir ter ao hotel onde a seleção está concentrada e entrar no autocarro em direção a EPL.

Com bandeirinhas e gritos de «Portugal, Portugal» centenas de crianças vitoriaram a seleção e ofereceram várias prendas, sobretudo desenhos a lápis de cor a ilustrar a prestação no Mundial de hóquei em patins, que se inicia hoje em Luanda.

«Uma grande emoção, um arrepio no corpo e sentimento profundo. Não vale a pena querermos ser fortes nesta altura, porque não conseguimos ser fortes. Perante isto não há palavras, há apenas, uma envolvência tremenda que só sentindo», disse à agência Lusa o treinador da seleção, Luís Sénica.

Na receção, um grupo de crianças interpretou os hinos de Angola e de Portugal, e para André Girão, um dos três guarda-redes da seleção, ouvir "A Portuguesa" a mais de 6.000 quilómetros da família é como «estar perto de casa».

«Sentimo-nos em casa. Estão a fazer-nos sentir em casa. É fantástico. Não estávamos nada à espera, mas é fantástico», respondeu, enquanto mostrava os braços, com a pele arrepiada com a audição do hino português.

Emídio Guerreiro disse também à Lusa que a «manifestação de carinho» da EPL superou tudo o que estava à espera.

«Acho que é extraordinário. Foi uma receção muito emotiva e será um forte tónico para cada um deles [jogadores]. Não é todos os dias que vemos uma coisa destas», destacou.

Emídio Guerreiro acrescentou que manterá ainda hoje um encontro com o ministro da Juventude e Desporto de Angola, Gonçalves Muandumba, com quem debaterá, entre outros temas, a sede dos próximos Jogos Desportivos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

«Existem alguns temas que temos vindo a trabalhar com o Governo de Luanda na área da juventude e desporto, sobretudo na esfera da CPLP, e vamos conciliar a partir da seleção aqui com essas matérias de Estado, que temos de resolver. Mas também queremos dar aqui um sinal à seleção de que Portugal está com eles», afirmou.

Questionado se a vitória de Portugal no torneio, que foge há 10 anos, ajudará a amenizar o sentimento de crise em Portugal, Emídio Guerreiro respondeu que a vitória será «um excelente tónico».

«Penso que uma vitória da seleção portuguesa no Mundial 10 anos depois seria um excelente tónico para todos nós, independente das situações que cada família atravessa. Mas seria sobretudo um sinal da nossa competência, da nossa organização, do nosso valor. Nós somos um dos favoritos, podemos não ganhar, mas o que é exigido é que eles façam o seu melhor», concluiu.

A cerimónia de abertura do torneio realiza-se hoje ao fim da tarde e o primeiro jogo, que oporá a anfitriã Angola à África do Sul realiza-se logo a seguir.

A seleção portuguesa entra em campo somente domingo, contra o Chile, em jogo marcado para as 21h15 locais (mesma hora em Lisboa).