O atirador João Costa, que representou Portugal em cinco Jogos Olímpicos, anunciou hoje o fim da carreira na alta competição ao fim de quase 40 anos, considerando que o corpo já não é o mesmo de antigamente.
“Porque fiz 60 anos, essa é a razão básica. Já estou reformado no meu trabalho, ou quase, porque eu sou militar e já estou na reserva há mais de cinco anos. Praticamente estou reformado. E chegou a idade, não é? Chegou a minha vez também, porque nota-se que o corpo já não é o que era antigamente. Portanto, essa é a razão principal para os atletas em alta competição deixarem a modalidade”, disse em declarações à agência Lusa.
João Costa, sétimo classificado na pistola a 10 metros em Sydney2000 e Londres2012, assegura que não vai deixar a modalidade, mas apenas a alta competição, deixando de poder ser integrado no projeto olímpico.
Ao longo da carreira, João Costa conquistou três medalhas de bronze em campeonatos da Europa, todas em 2003, e conquistou duas vezes a Taça do Mundo da Alemanha em pistola a 50 metros, em 2006 e 2007.
“O ponto alto foram os cinco Jogos, o diploma olímpico, campeonato do mundo, taças do mundo, campeões da Europa e 96 campeonatos nacionais individuais, por enquanto. Portanto, isso é só alegrias, obviamente”, afirmou.
Lembrando uma má experiência na Índia, em que não conseguiu participar numa final da Taça do Mundo, devido a uma intoxicação alimentar, como um dos piores momentos da carreira, João Costa lamentou igualmente não ter conseguido chegar aos dois últimos Jogos Olímpicos.
“Houve uma prova para Tóquio, qualificação, que eu estive quase a ser apurado, mas por razões externas à minha vontade, a prova foi quase inutilizada. Para Paris também tive quase, quase, como sempre, porque isto na alta composição é assim”, afirmou.
João Costa lembrou que “há investimentos grandes de grandes países, como a Índia e a China”, o que é muito diferente do que aconteceu na sua carreira, “porque era militar e o tiro era sempre um ‘hobby’, depois de 17 horas”.
“Falta essa aposta de Portugal no desporto. E vai faltar sempre, enquanto a política for esta e não houver uma política desportiva como há em alguns países. E eu não estou a falar só do tiro, estou a falar das outras modalidades. É o esforço individual, é a carolice do português, que quer ser bom naquilo que é bom, e que se esforça muito. Mas em termos de profissão e de vida, não garante a vida de ninguém. Logo, essa é muito difícil. E quando um português tem provas de medalhas é todo mérito dele e pouco do Estado”, referiu.
Sobre a sua modalidade, o militar diz que “não há um novo João Costa”, ao contrário do tiro com armas de caça, em que Maria Inês Barros, com 23 anos, foi oitava classificado nos Jogos Olímpicos Paris2024.
“No tiro da Federação Portuguesa de Tiro, é difícil ter novos valores, ter as crianças, porque os próprios pais também não querem que as armas estejam na mão dos filhos, porque pensam que aquilo é perigoso, quando na realidade é tudo ao contrário”, lamentou.
Para além de Sydney2000 e Londres2012, João Costa esteve também presente nos Jogos Olímpicos de Atenas2004, Pequim2008 e Rio2016.
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