A Federação Portuguesa de Atletismo (FPA) e a Federação Portuguesa de Surf (FPS) retomaram a época no último fim de semana, na esperança de uma “capacidade direta” de “explosão de novos praticantes” após a pandemia de covid-19.
“Em momentos de grandes crises mundiais, como as duas Grandes Guerras, o atletismo esteve na linha da frente em termos de preparação dos exércitos e da recuperação da saúde, bem-estar e condição física da sociedade. Acredito que iremos refletir mais uma vez esse aspeto”, comparou à agência Lusa o presidente da FPA, Jorge Vieira.
A única modalidade com os quatro campeões olímpicos lusos regressou às pistas no sábado passado, trazendo desafios regionais “com todo o cuidado e segurança”, que são um “aliciante mais informal e atraente para a competitividade dos atletas, pela diversão que pode provocar”, acreditando numa retoma “em contraciclo” com outros desportos.
“Na reta final da última crise económica batemos os nossos próprios recordes de filiação. As pessoas evitaram os ginásios e outros espaços fechados para privilegiar uma modalidade de grande acessibilidade e muito democrática, praticada ao ar livre, sem equipamento sofisticado e com taxas de inscrição muito reduzidas”, descreveu.
Para fidelizar os corredores “assíduos em treino e competição” e suplantar os 19.500 atletas registados pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) em 2019, Jorge Vieira está a “preparar políticas” que englobam o “atletismo infantil, com condição física anexada ao saltar, correr e lançar, até ao alto rendimento, veteranos e adaptado”.
“Temos programas, alguns de desporto escolar, que serão intensivados na medida proporcional do retorno à vida normal. São os casos do Mega-Sprinter ou do Corta-Mato Nacional, que dão oportunidades aos jovens, captam talentos e coincidem com o Torneio Olímpico Jovem, do qual saíram os últimos medalhados a nível internacional”, apontou.
Outro “investimento muito forte” da FPA passará pela revitalização do sítio oficial na Internet, onde “um milhão e meio a dois milhões” dos ‘runners’ estimados em Portugal “vão encontrar motivos fortes para se fidelizarem” ao atletismo e “acordarem para o orgulho de poderem fazer parte da maior federação do país em termos de resultados”.
“10 metais olímpicos é quase metade do medalheiro do desporto português. Se juntar isto ao facto de sermos uma das modalidades com mais praticantes federados, fechamos o círculo virtuoso. Os campeões trazem mais atletas e dão um grande contributo para tornar a observação e prática do desporto acessível a todos”, reconheceu Jorge Vieira.
A curto prazo, o atletismo acalenta “otimismo” numa “razoável quantidade de clubes e um elevado número de atletas” presentes nos campeonatos nacionais, a realizar em agosto, para encerrar uma época atípica nas pistas, tal como o surf, cuja Liga portuguesa sobressaiu como a primeira prova mundial a ser reativada ao fim de três meses.
“Estivemos muito tempo parados, mas a campanha entre federação, Associação Nacional de Surfistas (ANS) e Liga Mundial de Surf (WSL) mostrou a nossa capacidade para regressar com disciplina, sem deixar de ser uma modalidade bastante descontraída”, valorizou à agência Lusa o presidente da FPS, João Aranha.
Após a autorização do Governo para a realização de desportos individuais, ao ar livre e sem contacto físico, o organismo encara o reinício das provas nacionais como impulso natural para o “aumento exponencial” dos 2.000 atletas nos quadros do IPDJ em 2019, notando que “mais de 99% dos que fazem ‘surfing’ de lazer não está federada”.
“Os nossos federados só crescem consoante as competições, que têm uma elasticidade própria. Não é uma equação muito fácil de gerir ao longo do tempo, mas que está relacionada com o número e capacidade de cada prova”, analisou, sobre uma atividade experimentada por cerca de 200 mil pessoas em Portugal.
Com a Liga sob alçada da ANS e o circuito mundial parado, a FPS vai escolher menos etapas para atribuir títulos nos seus eventos, enquanto lançou projetos de prospeção de novos talentos no surf e no stand-up paddle até aos 14 anos, que “demonstrem qualidade acima da média e sejam uma mais-valia” para os 77 clubes e 277 escolas de surf.
“Ser federado custa 25 euros por ano e não precisamos de grandes esforços para chamar novos atletas. Muitos continuam a procurar por si só o surf, que é um desporto individual relacionado com praia, saúde e mar, está inserido em centenas de anúncios publicitários, aparece em todo o lado e é muito procurado”, frisou João Aranha.
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