Ricardo Batista e Alexandre Montez, dois jovens triatletas portugueses, ainda correm e pedalam na rua, mas só com alguma imaginação conseguem treinar o setor da natação, apesar do estado de emergência decorrente da pandemia da covid-19.

“Felizmente, a corrida e o ciclismo tenho conseguido fazer sempre no exterior. Não fico é tão contente de ter de fazer a natação em águas abertas, porque nem sempre é possível alcançar a intensidade desejada e por causa do frio. Por isso, ciclismo e corrida são os segmentos que mais treino”, afirmou Ricardo Batista, de 19 anos, em declarações à Lusa.

Face a estas limitações, o campeão do mundo de juniores está a aguçar o engenho para compensar na natação: “Estou a preparar a piscina que tenho em casa dos meus pais para começar a fazer natação com nado amarrado, a fim de minimizar ao máximo a perda de sensibilidade e todo o trabalho feito neste segmento durante os últimos meses”.

O triatleta do CN Torres Novas diz que aquilo de que sente mais falta é a “antiga rotina” do Centro de Alto Rendimento do Jamor, em Oeiras.

“Treinar com o meu grupo de treino e com o meu treinador [Paulo Antunes] os três segmentos sem ter de me preocupar com estes fatores externos. Os dias têm sido um pouco mais monótonos em casa, pois acabo sempre por ter muito mais tempo, o que não é mau, porque dá para matar saudades da família”, assumiu o triatleta natural de Torres Novas.

A poucas dezenas de quilómetros, em Alcanede, outro triatleta, Alexandre Montez, de 18 anos, ainda corre e pedala “normalmente”, por residir “num local afastado de grandes aglomerados”.

“Essa parte é muito mais fácil, já em relação à natação é completamente diferente, as piscinas estão todas fechadas, podia ir nadar ao mar ou numa lagoa, mas não há aqui perto e, então, não dá”, explicou à Lusa o medalha de prata nos Jogos Olímpicos da Juventude (FOGE) de 2018, em Buenos Aires.

A suspensão de todas as provas de triatlo até ao fim de abril, devido à pandemia de Covid-19, levou à alteração radical dos planos de treino do atleta do Olímpico de Oeiras, que se prepara, agora, para os Europeus de sub-23, marcados para 06 e 07 de julho, em Dnipro, na Ucrânia, e para os Mundiais, entre 20 e 23 de agosto, em Edmonton, no Canadá.

“Se tudo correr bem, continuarão a ser estes os grandes objetivos da época”, frisou Alexandre Montez, assegurando cumprir os cuidados recomendados para prevenir a infeção com o novo coronavírus, tal como Ricardo Batista.

O triatleta torrejano também desconhece qual a sua próxima prova, assim como para quando deve apontar o pico de forma, mas já partilha a vontade de competir.

“De certeza que no regresso vou estar presente em várias ‘startlists’ internacionais para as quais me tenho de continuar a preparar durante esta quarentena. Tenho de me focar naquilo que depende de mim e confiar que vai ficar tudo bem”, vincou Ricardo Batista.