Um grupo de 19 sócios pediu a destituição do presidente da Federação Portuguesa de Tiro com Arco (FPTA), acusando João Gomes dos Santos de ignorar decisões do Conselho de Justiça e de usar a posição para benefício próprio.

Em carta dirigida ao presidente da Mesa da Assembleia Geral a que a agência Lusa teve acesso, os críticos apresentam três motivos, o primeiro dos quais a “recusa do cumprimento de decisão fundamentada do Conselho de Justiça (CJ) de 26 de outubro”, quanto à escolha, em assembleia geral, de dois membros para a direção.

A “recusa não justificada da não aceitação dos federamentos dos treinadores estagiários do curso lançado pela anterior direção em colaboração com a ATTAP - Associação de Treinadores de Tiro com arco de Portugal, que o ministrou” é a segunda razão apontada.

Finalmente, referem a “tentativa de utilização da sua posição como presidente da FPTA para realização de trabalho de investigação de apoio a tese de doutoramento onde é direto beneficiário”, considerando que essa atitude encerra “claro abuso de confiança”.

Em carta de esclarecimento enviada aos sócios e a que agência Lusa teve acesso, João Gomes dos Santos descarta a autoridade do CJ em “emitir acórdãos” de “fatos” decorridos em assembleia geral “aprovados pela maioria dos delegados”, pelo que atribui aos tribunais a resolução deste contencioso.

Refere ainda que a ATTAP “não cumpriu na íntegra” o protocolo entre as duas entidades, nunca respondeu à FPTA sobre questões para “ultimar pormenores” do curso em causa e revelou ainda que o organismo, criado há três anos, “só há um mês se tornou sócio da federação” e por aconselhamento de terceiros.

Por fim, disse ter iniciado os estudos de doutoramento "muito antes" de ser convidado para a federação, garantiu pagar as suas próprias propinas e referiu que a sua tese de investigação na área do tiro com arco “era simplesmente para beneficiar a modalidade”.

“É da minha índole aumentar as minhas competências na área do conhecimento científico em instituições credíveis, ao contrário de outros, que nunca o conseguiram fazer e há mais de trinta anos tem um currículo de ‘TRAPALHADAS’”, completou.

Dirigindo-se aos que desejam a sua demissão, recorda que, a ser destituído, não será garantido “o pagamento total das dívidas causadas por todos aqueles delegados que aprovaram as contas na anterior direção e agora assinaram a petição de destituição do presidente que as findou”.

“E talvez culmine definitivamente o estatuto de utilidade pública”, alerta, lamentando o clima de crispação vigente, argumentando que o “ego” de alguns está a “afundar” a FPTA, apelando a que todos os agentes que se envolvam mais nas questões da modalidade: “Não serve só ao domingo atirar umas flechas, porque a lança maior já foi espetada e esta Federação poderá morrer em breve".

O dirigente denuncia a existência de “três grupos dissidentes, todos a lutar por uma necessidade de afirmação”, considerando que os mesmos são movidos unicamente pelo “ego”.

“O essencial ficou por discutir (na AG), e assim a responsabilidade do afundamento desta modalidade fica com estes indivíduos de pensamentos mesquinhos e onde o degredo desportivo vai perdurar (…)”, criticou.

Ainda sobre a derradeira assembleia geral, insurgiu-se contra os “vários sócios de um único clube que invadiram a sala de reuniões e criaram um tumulto entre os delegados”: "É com vergonha que assisto a tamanho tumulto, entre um grupo deveria ser tudo menos ofensivo”.

Quanto ao ambiento tenso no tiro com arco, João Gomes dos Santos denuncia ainda a “tentativa de agressão a um árbitro em plena via pública”, após uma competição, bem como as “injúrias e difamações” dentro da comunidade que se verificam nas redes sociais.