A mudança de categoria, dos -70 kg para os -63 kg, não trouxe sobressaltos à judoca Bárbara Timo, que se mostra confiante, a poucos dias de competir nos Europeus de Sófia, o primeiro grande campeonato no novo peso.

“Estou confiante para fazer um bom trabalho, por ter um bom rendimento e pela medalha do ano passado, que tive no Europeu de Lisboa, de 2021, e ainda na categoria de -70 kg. Acho que é uma motivação a mais”, disse a judoca, em entrevista à agência Lusa.

Os números acompanham a confiança da atleta, que, depois de trocar de peso a seguir aos Jogos Olímpicos Tóquio202, no verão de 2021, teve medalhas nas três competições em que participou: na Taça Kobayashi (ouro), no Grand Slam de Paris (ouro) e no Grand Slam de Antália (bronze).

Para Bárbara Timo, o êxito alcançado desde que trocou o Brasil por Portugal e que lhe deu logo em 2019 o título de vice-campeã mundial e, mais tarde, o bronze nos Europeus de 2021, falam por si, sem ter nada que provar.

“Tenho 31 anos, para o desporto estou naquela idade em que já passei da juventude, acho que não preciso de provar mais nada, já tenho medalha do mundial, de Grand Slam, já troquei de categoria, não preciso de provar nada para ninguém, nem para mim. Faço porque gosto, se dedico mesmo a minha vida a isto, se gasto tantas horas, se uso o meu corpo para isso, treino muito, dedico-me muito para ter o meu melhor, para ser o meu melhor, hoje, já tendo esses resultados, continuo achando que vou sempre para ganhar, para descobrir um jeito de ganhar”, disse.

Uma tranquilidade que permite à judoca direcionar as metas para os requisitos na nova categoria, em que os desafios são subir no ‘ranking’ – por ter começado debaixo -, conhecer as novas adversárias, e a grande exigência de manter o peso.

O processo de Bárbara Timo foi no sentido contrário ao que os judocas costumam fazer com o avançar da idade, que é uma subida e não uma descida de peso, o que coloca a fasquia ainda mais alta.

“É realmente um desafio e requer uma disciplina nova, requer novos hábitos. Nos -70 kg tinha maior liberdade de fazer tudo, agora tenho de escolher. Talvez estar mais focada, estar mais ausente das coisas do dia a dia, com os amigos, tudo é motivo de comemorar, e comer é uma coisa que eu não posso agora”, explicou.

Com a descida de categoria, e apesar dos bons resultados desde setembro, com um interregno para uma pequena cirurgia a uma fratura num dedo, a judoca chega a Sófia fora das oito cabeças de série em -63 kg, quando é ‘apenas’ 24.ª do mundo, o que a deixa em 11.º entre as inscritas, mas Bárbara Timo encara a situação com otimismo, primeiro com o desejo de ir conhecendo as novas adversárias e, depois, com a oportunidade de ir subindo na hierarquia.

“Quanto mais lutar, quanto mais conhecer todas, para que nas grandes competições saiba o que eles fazem, entender a força delas, a movimentação, melhor ainda. Claro que estar lá em cima é a vantagem de fazer menos uma luta, conseguir entrar na competição mais tarde, mas daqui a pouco essa vai ser a minha vez (…)”, justificou.

Com menos peso, Bárbara Timo sabe que é mais rápida, mas o mais importante é saber que não perdeu massa muscular, sentindo não só mais força, como a ideia de ter de defrontar judocas contra as quais não gasta tanta energia.

“Isso também me deu muita confiança, mesmo que seja num teste, saber que continuo com a força muscular dos -70 kg, mas agora numa nova categoria, faz-me sentir quase uma super-heroína”, considerou.

Os Europeus de judo em Sófia, na Bulgária, decorrem entre sexta-feira e domingo, com Portugal vai estar representado por 11 judocas: Catarina Costa (-48 kg), Joana Diogo (-52 kg), Telma Monteiro (-57 kg), Bárbara Timo (-63 kg), Patrícia Sampaio (-78 kg), Rodrigo Lopes e Francisco Mendes (-60 kg), João Crisóstomo (-73 kg), João Fernando (-81 kg), Anri Egutidze (-90 kg) e Jorge Fonseca (-100 kg).