A seleção portuguesa de canoagem terminou hoje os Mundiais da Alemanha com menos vagas olímpicas, mas com o entusiasmo de duas medalhas de ouro em provas do programa de Paris2024, o K1 1.000 e o K2 500 metros.

Se garantiu duas quotas olímpicas – a de Teresa Portela, que será a terceira, carece apenas de oficialização – e duas paralímpicas, as duas medalhas de ouro, uma de prata e outra de bronze valeram o sétimo lugar no medalheiro do mundial mais difícil do ciclo, em que participaram 95 nações.

Fernando Pimenta conquistou o seu terceiro cetro mundial em K1 1.000, depois de Montemor-o-Velho em 2018 e Copenhaga em 2021, apresentando-se nos Jogos Olímpicos com estatuto reforçado para o único ouro que lhe falta na carreira.

Em Duisburgo, o português que foi bronze em Tóquio2020, conseguiu ainda a medalha de bronze em K1 500 e de prata em K1 5.000, ‘varrendo’ todos os pódios dos eventos em que participou, independentemente da distância, uma aptidão somente ao alcance dos predestinados.

João Ribeiro e Messias Baptista há dois anos que não saem do top 5 das grandes competições internacionais e vinham a ‘ameaçar’ um desempenho histórico: o ‘quase’ deixou de fazer parte do seu vocabulário hoje, pois, numa atuação notável, ‘voaram’ com o seu K2 para conquistar o título mundial nos 500 metros.

Com o valor que, consistentemente, têm revelado, percebe-se que são, tal como Pimenta, verdadeiros candidatos ao pódio nos Jogos Olímpicos, em que a canoagem já assumiu o sonho de ser a primeira modalidade, extra atletismo, a oferecer a Portugal um título olímpico.

Se estas três vagas foram alcançadas com brilhantismo, a ‘oficiosa’ de Teresa Portela surgiu com o valor da oitava classificada na final de K1 500 metros, que qualificava, diretamente, os seis melhores barcos.

Como três das finalistas também se apuraram em outras embarcações, sobram três bilhetes que vão, assim, para a sétima, oitava e nona na regata das medalhas: Teresa Portela aguarda apenas a confirmação oficial e tem a sua quinta participação olímpica no horizonte.

A federação veio a Duisburgo com o assumido objetivo de conquistar o maior número de vagas possível, sendo que conseguiu mais duas quotas paralímpicas, por Norberto Mourão, bronze em Tóquio2020, em VL2, e Alex Santos e Floriano Jesus, que vão disputar entre si quem fará o KL1, pois o lugar é do país, não dos atletas que qualificaram.

A frustração vem dos K4 500, que eram a principal aposta, pois ambos falharam os seus objetivos: João Ribeiro, Messias Baptista, Kevin Santos e Emanuel Silva não ficaram sequer nos 18 melhores, enquanto Francisca Laia, Teresa Portela, Joana Vasconcelos e Maria Rei foram nonas na final B, 18.º.

Joana Vasconcelos e Francisca Laia ainda se desdobraram em K2 500, contudo o pouco treino que tiveram nessa embarcação, a favor do prioritário K4, juntamente com o desgaste acumulado nesta tripulação maior deixou-as, por muito pouco, fora da final: terminaram em 11.º lugar, com o sabor de que, em outras condições, nomeadamente mais treino de conjunto, teria dado.

Em maio de 2024, na Hungria, na fase de repescagem continental, há mais uma vaga em disputa para o K2 500, pelo que deverá ser esse o seu foco na próxima época.

Quem tem duas vagas em jogo é a C2 500 metros, sendo que, neste caso, quem esteve perto de ser feliz foram as jovens Inês Penetra e Beatriz Fernandes, de 21 e 19 anos, respetivamente, pelo que mais um ano de evolução poderá significar a realização do sonho olímpico.