Portugal tem das melhores condições do mundo para o mergulho mas não valoriza a prática, situação que os organizadores do primeiro congresso sobre a atividade, marcado para entre 08 e 10 de outubro em Tróia, querem contrariar.

“Portugal não se promove como destino de mergulho. Promove as praias, o surf, mas temos mais para oferecer”, disse à Lusa Arlindo Serrão, porta-voz do primeiro congresso internacional de mergulho em Portugal, adiantando que o país "tem as melhores condições da Europa” e que no triângulo continente-Açores-Madeira “há de tudo”, mas não é promovido.

É por isso que os organizadores do congresso “Diving Talks” apelam às pessoas para que não parem na praia, para que vão mais longe e mais fundo, e que conheçam “um ativo de enorme valor”, disse Arlindo Serrão.

Interessa para a economia de um país promover a pesca ou o mergulho? Pergunta Arlindo Serrão em entrevista à Lusa, deixando também a resposta: “Obviamente o mergulho”.

E explica porquê. O valor de um tubarão que se mata é muito menor do que aquele que pode ser gerado com o que mergulhadores pagam para observar tubarões. O valor económico de um animal como um tubarão vivo é infinitamente superior ao da sua captura.

A promoção de Portugal como destino internacional de mergulho levou os organizadores, explica Arlindo Serrão, a organizar um congresso diferente de outros que se realizam em várias partes do mundo, promovendo a interação entre os participantes e entre estes e as marcas.

Os participantes no congresso poderão, por exemplo, testar equipamentos de mergulho no mar ou em piscina, e as comunicações dos oradores serão feitas numa lógica descentralizada e não na forma habitual de um orador numa sala.

O congresso pretende também centrar-se nas áreas mais técnicas do mergulho, que ultrapassam o mergulho desportivo/recreativo onde se concentram 98% dos praticantes da atividade. “O mergulho tratado no congresso é o mergulho técnico, o que permite ir mais fundo, ficar mais tempo, permite ir a lugares a que normalmente não se vai, permite explorações arqueológicas, de apoio à ciência, de exploração de grutas”, adiantou o responsável, lembrando que é um setor complexo, tão complexo como escalar uma montanha de grande altitude, ainda que sem a mesma visibilidade.

Por isso no próximo fim de semana Troia vai receber mergulhadores especializados na exploração de grutas submersas, especialistas em medicina hiperbárica, especialistas em arqueologia subaquática, sendo esperados nomes como o de Ahmed Gabr, recordista mundial de mergulho em profundidade; Cristina Zenato, especialista no mergulho com tubarões, ou Jill Heinerth, líder de expedições em grutas submersas e a primeira pessoa a mergulhar dentro de um iceberg.

Tudo com dois objetivos, “o de trazer o que de melhor há e se faz no mundo e o de mostrar as coisas extraordinárias que também se fazem cá”, disse Arlindo Serrão.

E também promover o turismo ligado ao setor. “Não estou a dizer que o turismo ligado ao surf, por exemplo, não interessa, mas estou a dizer que o turismo de mergulho deixa mais dinheiro. Em termos de turismo de natureza a vertente que poderá acrescentar mais é o turismo de mergulho”, disse Arlindo Serrão, salientando que também na formação o país tem condições ideais para que ela se faça ao longo de todo o ano, enquanto em outros países tem de parar no inverno.

Arlindo Serrão disse que o congresso deverá reunir cerca de 250 participantes e que estão confirmadas presenças de pelo menos meia dúzia de países, estando também marcadas 22 apresentações, a cargo de 26 oradores, que falarão sobre mergulho em naufrágios ou em cavernas, em cinematografia subaquática, em investigação científica.

Depois deste primeiro congresso, os organizadores querem que a iniciativa seja “uma constante”, que o “Diving Talks” de Portugal faça parte das agendas dos profissionais e das marcas.

O “Diving Talks” é organizado pela Portugal Dive, United by the Sea e Best Emotions, e tem o apoio institucional do Município de Grândola, do Turismo do Alentejo e do Turismo de Portugal.

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