A Fórmula 1 vai mesmo regressar a Portugal este ano, com um Grande Prémio que será disputado em outubro, avança o Jornal de Notícias. O anúncio será feito esta sexta-feira, numa cerimónia que contará com a presença de membros do Governo.

O Autódromo Internacional do Algarve, em Portimão, receberá assim uma das etapas do Mundial 2020, cujo calendário conta até ao momento com apenas três provas disputadas depois de um longo período de paragem devido à pandemia da COVID-19.

A confirmar-se este cenário, Portugal volta a receber um Grande Prémio de Fórmula 1 24 anos depois da última visita, na altura no circuito do Estoril.

O último Grande Prémio de Portugal de Fórmula 1 foi realizado no Autódromo do Estoril a 22 de setembro de 1996, tendo como vencedor Jacques Villeneuve, que subiu ao pódio com Damon Hill numa dobradinha da Williams-Renault. Michael Schumacher ficou em terceiro, pela Ferrari.

No dia 22 de junho, em entrevista à Lusa, Paulo Pinheiro, administrador do Autódromo Internacional do Algarve (AIA), garantia que estavam reunidas todas as condições sanitárias para a realização de uma prova de Fórmula 1 em Portimão.

"Estamos a trabalhar afincadamente na garantia da Fórmula 1 (F1) para Portugal. É um processo complexo, complicado e difícil. Neste momento, estamos a tentar dar todos os passos necessários e pensamos que até meados da próxima semana a situação deve estar resolvida", revelou à Lusa Paulo Pinheiro.

O responsável revela que na 24H Endurance disputada em 12, 13 e 14 de junho, foi possível comprovar que "todos os procedimentos que pretendem demonstrar à F1 são passiveis de ser implementados no Autódromo e correram bem. Toda a gente a respeitar as regras".

Paulo Pinheiro destacou que o regresso da F1 seria "o maior evento que Portugal já teve desde o Euro2004", já que é o que tem "mais mediatismo e impacto económico a nível mundial" em toda a sua envolvência e seria “um marco histórico".

Na mesma entrevista à Lusa, Pedro Pinheiro, administrador do Autódromo Internacional do Algarve, alertou que a logística e organização de uma prova "desta dimensão" envolve custos "que dificilmente podem ser suportados apenas pelo circuito".

Num evento desta magnitude a segurança "é importante", destacou, por isso "todos os participantes são testados diariamente" e qualquer caso que ocorra "pode ser isolado rapidamente". As escuderias trabalham em cada carro "com uma equipa independente", existindo "um seccionamento muito grande que evita que haja a propagação".

Em relação ao público, a intenção é ir dos "30 a 60% da capacidade do circuito, respeitando as regras de distanciamento e de acesso às bancadas”, como acontece num restaurante, avançou Paulo Pinheiro, que se mostrou disponível para "adaptar os procedimentos que a Direção-Geral da Saúde entender", defendendo que "é fundamental que o evento tenha público, dentro do limite que é aceitável".

Um decisão positiva por parte da organização implica uma repavimentação da pista, para que esteja "imaculada para a prova", mas que pode servir também para que o circuito "possa continuar a ser uma alternativa para a F1", adiantou.

Depois de ter estado encerrado "entre abril e meio de junho" devido à pandemia de COVID-19, o AIA já começou a receber treinos de "alguns pilotos de MotoGP", estando aos poucos a regressar à sua atividade normal, mas longe "da ocupação habitual". Até ao final do ano é esperada uma taxa de ocupação "simpática", mas "nada comparada" com o que havia anteriormente, avançou o administrador.

O circuito algarvio regista habitualmente, entre setembro e meio de dezembro, "100% de ocupação", mas este ano foi necessário "um esforço para atingir os 70%", captando eventos diferentes.

O surgimento de um surto de COVID-19 nos últimos dias em Lagos, a poucos quilómetros do AIA, não perturba Paulo Pinheiro, em relação à possível vinda da F1 em final de setembro ou outubro, mas espera que sirva de alerta.

"Temos de refletir na nossa postura e atitude e voltar a ter uma correção nas normas de utilização da máscara e no distanciamento social no dia-a-dia. Depois de uma paragem de três meses custa-nos que por uma irresponsabilidade de alguns tenhamos de passar por uma situação similar", defendeu.

O início do Mundial de F1 estava previsto para o dia 15 de março, na Austrália, mas a prova foi cancelada devido à COVID-19. A competição arrancou a 05 de julho na Áustria, sendo que haverá oito corridas na Europa, entre julho e setembro, esperando a organização divulgar nas próximas semanas o calendário alargado, que deve ter um total de 15 a 18 corridas até dezembro.

Para já, as primeiras corridas não terão público nas bancadas, mas mantém-se a esperança de que nos próximos meses a situação permita o regresso dos adeptos.

Em março a Federação Internacional de Automobilismo homologou o Autódromo Internacional do Algarve, em Portimão, para receber Grandes Prémios de Fórmula 1.