O finlandês Jari-Matti Latvala encerrou hoje um ‘capítulo negro’, ao vencer pela primeira vez o Rali de Portugal, depois de um intenso duelo com o francês Sébastien Ogier, celebrando com euforia o primeiro triunfo no Campeonato do Mundo.

Na quinta prova do Mundial, em que a Volkswagen monopolizou o pódio pela segunda vez, o finlandês dominou praticamente do princípio ao fim e festejou a 13.ª vitória da carreira, mostrando-se capaz vencer a desconfiança crescente e o desalento provocados pelo fracasso nos três últimos ralis.

Líder desde sexta-feira, Latvala conservou o comando nas três derradeiras especiais, na região do Minho, perante a ameaça de Ogier, e terminou o rali em 3:30.35,3 horas, com 8,2 segundos de vantagem sobre o bicampeão do mundo, enquanto o norueguês Andreas Mikkelsen foi o terceiro, a 28,6 segundos.

Vencedor das três primeiras provas – Monte Carlo, Suécia e México – Ogier consolidou a liderança do Mundial, com 105 pontos, e Mikkelsen ascendeu a segundo, com 63, numa troca de posição com o compatriota Mads Ostberg (Citroën), enquanto Latvala subiu ao quinto lugar, com 46 pontos.

Depois de no sábado ter reduzido a diferença que o separava de Latvala de 25,9 para 9,5 segundos, subindo de sexto para segundo, Ogier foi hoje o mais rápido nas duas passagens no curto troço de Fafe (11,15 km) – recolhendo os três pontos suplementares da ‘power stage’ final -, mas o finlandês sentenciou o rali onde se esperava que ficasse decidido, na 15.ª e penúltima especial, a de Vieira do Minho (32,35 km).

“É uma grande sensação. Após os últimos três ralis, alguns questionaram se eu alguma vez estaria de volta. Foi um dos períodos mais difíceis da minha carreira. Dar a volta e ganhar é uma sensação única. Seb fez um grande trabalho de recuperação tendo em conta a sua posição na estrada [primeiro WRC na sexta-feira e no sábado], mas hoje estivemos iguais”, afirmou Latvala, de 30 anos, que foi vice-campeão do mundo duas vezes (2010 e 2014), ofuscado em ambas pelo talento de dois franceses, Sébastie Loeb e Ogier.

No regresso do Rali de Portugal ao norte do país - às regiões do Porto e ao Minho - após 10 anos sediado no Algarve, Latvala negou a Ogier a sua quinta vitória em seis participações, impedindo o gaulês de igualar o recorde que o finlandês Markku Alen conseguiu nos anos 70 e 80 do ano passado.

“Eu sabia que seria um dia feliz para muitos. Eu sei que é aborrecido quando ganha sempre o mesmo. Hoje, não ganhou o melhor, mas foi bom na mesma”, comentou o francês no final do rali, que perdeu uma das 16 especiais previstas, devido ao fogo que forçou o cancelamento da quinta classificativa (Ponte de Lima 2) na sexta-feira.

No que diz respeito aos construtores, a ‘dobradinha’ de Latvala e Ogier permitiu à Volkswagen reforçar a liderança do Mundial, com 146 pontos, mais 43 do que a Citroën, um mês depois do fracasso no Rali da Argentina, onde nenhum Polo-R conseguiu pontuar, o que não acontecia havia 20 provas.

Kris Meeke aproveitou então para ganhar pela primeira vez um rali WRC e quebrou um ‘jejum’ do construtor francês, que não obtinha uma vitória desde agosto de 2013, após a saída do francês Sébastien Loeb, mas o britânico não levou o DS3 além do quarto lugar em Portugal, a 48,7 segundos de Latvala.

Mesmo assim, o norte-irlandês reforçou a sua posição no Mundial, saltando para quarto (47), somente um ponto à frente de Latvala, beneficiando ambos dos problemas elétricos que deixaram o britânico Elfyn Evans fora de prova logo na sexta-feira, na estreia da nova evolução do Ford Fiesta RS. O estónio Ott Tanak não se deu mal com as novidades do carro e terminou em quinto, mas a quase dois minutos.

O espanhol Dani Sordo e o neozelandês Hayden Paddon, sexto e oitavo, ambos a mais de dois minutos, não conseguiram disfarçar a inferioridade da Hyundai, que continua à procura de melhorar o desenvolvimento para diminuir o fosso. O belga Thierry Neuville não ajudou muito, ao capotar no sábado.