Qualquer amante dos ralis tem na ponta da língua o nome dos principais pilotos, os que alinham nas equipas de topo, mas poucos sabem que por trás do andamento feroz e da resistência das máquinas há ‘dedo’ português.
Engenheiros e mecânicos portugueses integram algumas das principais equipas que estão a disputar o Rali de Portugal, como Wolkswagen, Ford ou Hyundai.
É o caso de Rui Francisco Soares, engenheiro mecânico com mestrado em Desporto Automóvel, responsável pelo carro do neozelandês Hayden Paddon e desde miúdo apaixonado pelos motores.
"Aprendi muito com o meu pai, com quem ganhei este gosto pelos automóveis", disse à agência Lusa. A assistência é onde passa o tempo durante os ralis, mas Rui Francisco, de 29 anos, também sabe o que é ser piloto e navegador.
Natural de Aguiar da Beira, Guarda, deu os primeiros passos na profissão na ARC Sport, uma empresa local, mas de ponta na preparação automóvel em Portugal.
Foram nove anos antes de ingressar em 2011 na Symtech Racing, na qual esteve durante três anos, travando conhecimento Hayden Paddon, com quem trabalhou e chegou ao sucesso no Europeu de Ralis, em 2013. A entrada do piloto neozelandês para a Hyundai Motorsport abriu-lhe as portas de uma das equipas de topo do Mundial de Ralis.
Trabalhar com um piloto que bem conhece e que o conhece bem "é muito importante", admite Rui Francisco, assumindo que "a empatia entre piloto e engenheiro pode fazer a diferença".
O jovem engenheiro garante que "a equipa, no seu todo, é como uma família", apesar de dedicar o seu trabalho ao terceiro piloto da Hyundai, atrás do espanhol Dani Sordo e do belga Thierry Neuville.
"Há essa hierarquia, mas partilhamos informação sem qualquer problema, já que o objetivo é o sucesso da Hyundai", completou.
O seu papel como engenheiro na complexa máquina que são as equipas oficiais é, basicamente, "procurar tornar o carro o mais rápido possível, adaptá-lo à condução do piloto e dos pisos".
"Temos de estar preparados para resolver, muitas vezes na hora, qualquer problema, seja através da equipa de mecânicos ou, muitas vezes, em informação direta ao piloto", acrescentou.
Os últimos dias têm sido passados em Portugal, em Matosinhos, mas, lembra, "muito do que está a acontecer já foi preparado com muita antecedência, ou seja, é também missão do engenheiro recolher informação e preparar os ralis que se seguem, já que todos têm as suas especificidades e os carros nunca vão iguais de rali para rali".
Há também o caso de José Azevedo, o mecânico chefe do carro de Jari-Matti Latvala, o finlandês da Volskwagen que chegou ao terceiro dia na frente da quinta prova do Campeonato do Mundo.
Está no mundo dos automóveis desde que se lembra, acompanhando o pai nas corridas e, mais tarde, fazendo provas de kart, até partir para Inglaterra para trabalhar como mecânico da Ford.
"Trabalhei 10 anos na M-Sport e soube que a Volkswagen estava a contratar pessoas e acabei por entrar no ano zero, no desenvolvimento do Polo", descreveu o maiato.
O mecânico falou dos pilotos da equipa "como pessoas humildes e normais havendo uma excelente relação entre todos, até porque passamos muito tempo juntos".
"Eles sabem que o trabalho é feito em equipa, e só se os carros saírem cinco estrelas das nossas mãos vão conseguir bons resultados", descreveu.
José Azevedo reconhece que é um privilegiado e que tem um emprego muito cobiçado, mas sublinhou que nem todos o conseguem aguentar. "Passamos muito tempo fora, é uma vida de sacrifício", apontou o luso.
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