O Tribunal de Guimarães condenou esta sexta-feira a penas suspensas quatro organizadores de um rali realizado em setembro de 2014 naquele concelho que resultou na morte de três espetadores, atingidos por um carro que se despistou.

Os arguidos foram condenados por três crimes de homicídio por negligência.

A pena mais pesada, de 26 meses de prisão, foi para o diretor da prova, o presidente do Motor Clube de Guimarães, entidade que organizou o rali conjuntamente com a Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting.

Outros três organizadores foram condenados a 22 meses de prisão.

Todas as penas ficam suspensas na sua execução.

Um outro membro da direção do Motor Clube de Guimarães e o mecânico da viatura que se despistou eram também arguidos no processo, mas foram absolvidos.

O acidente registou-se em 07 de setembro de 2014, no Rali Sprint de Guimarães, quando um carro se despistou e matou uma mulher de 48 anos, o seu filho de 8 e ainda um adolescente de 13.

Na acusação, o Ministério Público (MP) diz que o rali foi levado a cabo “em flagrante violação das normas que regem a segurança” deste tipo de corridas.

Diz ainda que o acidente foi induzido pelas alterações efetuadas ao carro que se despistou, nomeadamente o alargamento da carroçaria.

Segundo o MP, foram montados espaçadores nas jantes traseiras, as rodas ficaram mais longe da suspensão, a pressão quadruplicou, quatro parafusos rebentaram e o despiste aconteceu.

Em tribunal, os diretores do Motor Clube de Guimarães recusaram qualquer responsabilidade na morte dos três espectadores, alegando que a segurança do público era uma competência das autoridades policiais.

“O rali estava aprovado e licenciado por todas as entidades, tendo ficado claro que a segurança dos espectadores ficava a cargo das autoridades policiais”, disse o presidente do Motor Clube de Guimarães (MCG).

Segundo Eduardo Crespo, que era também o diretor da prova, aquelas autoridades é que decidiram o número de agentes necessários e os locais em que cada um seria colocado.

Disse ainda que as vítimas terão passado por uma zona onde estaria um agente da GNR para aceder ao local onde foram colhidos mortalmente.

A versão foi corroborada pelo então vice-presidente do MCG, João Júlio, que assegurou que os diretores do clube “não tinham qualquer poder decisório” sobre a segurança do público, porque as autoridades policiais “nunca lhes deram qualquer possibilidade”.

“Disseram que ou faziam a prova como eles queriam ou não se fazia prova nenhuma”, referiu.

Por sua vez, o mecânico também refutou qualquer responsabilidade, afirmando que não teve qualquer intervenção nas alterações do carro e assegurando que se limitou a fazer uma espécie de revisão, antes da prova, por ser amigo do piloto dono da viatura.