Nick Kyrgios, a nova sensação do ténis australiano, foi hoje a estrela em Wimbledon, ao eliminar o número um mundial Rafael Nadal, numa jornada marcada também pela eliminação de Maria Sharapova e pelo drama de Serena Williams.
Desconhecido do grande público antes do torneio londrino, o jovem de 19 anos, de origem grega, mereceu uma ovação de pé no "court" central, depois de vencer o campeão de 2008 e 2010 em quatro "sets", pelos parciais de 7-6 (7-5), 5-7, 7-6 (7-5) e 6-3, para tornar-se o primeiro tenista fora do "top" 100 a bater um número um mundial em 22 anos.
É preciso vasculhar bem os arquivos do ténis para perceber a dimensão do feito de Kyrgios, um convidado da organização, que ocupa a 144.ª posição do "ranking" mundial: o último número um mundial a cair com um “outsider” foi o norte-americano Jim Courier, que perdeu com o russo Andrei Olhovskiy (193.º) na terceira ronda de Wimbledon de 1992.
“Li uma entrevista na qual a minha mãe dizia que o Nadal era demasiado forte para mim. Isso irritou-me um pouco e ajudou-me. Joguei um ténis extraordinário. Tive o `break´ no quarto set e servi muito bem ao longo de todo o encontro. Estou extremamente feliz”, assumiu o australiano, que "disparou" 37 ases e 70 “winners” para vencer o campeão de Roland Garros nos oitavos de final e marcar encontro com o canadiano Milos Raonic, oitavo cabeça de série.
Para o espanhol, de 28 anos, esta é a terceira derrota consecutiva antes das fases decisivas em Wimbledon – no ano passado caiu na entrada, há dois anos na segunda ronda -, um facto que volta a demonstrar que a relva deixou de ser confortável para o número um mundial, ao contrário do que acontece com Roger Federer.
Aos 32 anos, o recordista de vitórias em "Grand Slam" mantém-se à tona para tentar um oitavo título no torneio londrino e um 18.º "major", depois de vencer o espanhol Tommy Robredo, 23.º do circuito, por 6-1, 6-4 e 6-4.
Pela frente, nos quartos de final, terá o seu compatriota suíço e amigo Stanislas Wawrinka, que se qualificou pela primeira vez para os quartos de final de Wimbledon, ao bater o melhor espanhol em relva, Feliciano Lopez, em três “sets”, por 7-6 (7-5), 7-6 (9-7) e 6-3.
No entanto, as surpresas do dia não se resumiram ao quadro masculino. Do lado das mulheres, Maria Sharapova, que procurava entrar na restrita lista de vencedoras de Roland Garros e Wimbledon de forma consecutiva, perdeu e já não se vai juntar a Serena Williams, Steffi Graf, Martina Navratilova ou Chris Evert.
A russa, quinta do “ranking” mundial, foi afastados dos quartos de final pela alemã Angelique Kerber, sétima da hierarquia, que venceu pelos parciais de 7-6 (7-4), 4-6 e 6-4.
"Hoje podia ter caído para qualquer um dos lados e não caiu para o meu”, considerou Sharapova.
Nos quartos de final, Kerber, semifinalista em 2012, vai defrontar a canadiana Eugenie Bouchard, que a derrotou na quarta ronda de Roland Garros, com o outro encontro dos “quartos” a opor Simona Halep, número três mundial, à finalista do ano passado, Sabine Lisicki.
Nas meias-finais já estão a vencedora de 2011, Petra Kvitova, e a sua compatriota checa Lucie Safarova, que derrotaram, respetivamente, Ekaterina Makarova e Barbora Zahlavova Strycova.
Fora da competição individual, Serena Williams mereceu hoje destaque nos pares, ao desistir num momento verdadeiramente dramático: a número um mundial pareceu estar perto de desmaiar hoje no jogo de pares com a irmã Venus, tendo sido assistida medicamente num dos "courts", antes de abandonar o encontro depois de ter irrompido em lágrimas.
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