Com o circuito internacional de ténis suspenso, devido à pandemia da covid-19, o português João Sousa desconhece se estão previstas medidas de ajuda financeira aos jogadores, sobretudo quando o ATP está a sofrer alguma pressão de alguns torneios.

“Não, para já a ATP não referiu nada quanto a medidas que possam ajudar monetariamente aos jogadores. Para já, não existe nenhuma informação sobre isso. Sei, pelo grupo de jogadores, que também a ATP está a ter alguma pressão de alguns torneios, que foram cancelados, para receberem uma indemnização”, conta o minhoto à agência Lusa.

Sousa lembra que “não tem sido fácil a situação do ATP, nesse sentido monetário”, e que aos jogadores só resta aguardar “para ver o que podem fazer em relação a isso”.

“Obviamente que se existisse alguma compensação monetária, seria ótimo. No caso de não haver, temos simplesmente de aceitar e tentar voltar o mais rapidamente possível à competição”, admite.

Além de confirmar a existência de um grupo de WhatsApp dos jogadores do ATP, “em que estão cerca de 100 jogadores”, o número 66 da hierarquia revela que são “discutidas algumas medidas” do ténis mundial.

“O que tem sido bom para estarmos a par da atual situação e, portanto, tem-se falado de várias coisas. Neste momento, nenhum de nós sabe muito bem como é que a ATP vai lidar com esta situação, mas cada um contribui com a sua ideia e tentamos ver, em conjunto, qual é a melhor medida a partir de agora para que o circuito volte à normalidade”, esclarece.

Graças à “situação atípica” causada pela covid-19, que provocou a suspensão do circuito ATP, João Sousa confessa que a participação nos Jogos Olímpicos Tóquio2020, neste momento, não é uma das suas prioridades.

“Se os Jogos Olímpicos viessem a acontecer seria ótimo. Se bem que, neste momento, não é uma coisa que tenha na cabeça. Realmente, tudo o que se está a passar é bem mais importante que isso. Obviamente que representar Portugal nos Jogos Olímpicos é motivo de orgulho e acaba por ser uma boa notícia dentro deste caos, se assim for. Já o fiz em 2016, no Rio de Janeiro. Foi uma experiência única e obviamente que gostaria de repetir em Tóquio, se tudo correr bem”, esclarece o vimaranense, que festeja os 31 anos a 30 de março.

Roland Garros “devia ter consultado ATP e ITF”

O segundo torneio do ‘Grand Slam’, Roland Garros, foi adiado para setembro, numa decisão unilateral da Federação Francesa de Ténis, e João Sousa considera que o ATP Tour e a Federação Internacional de Ténis deviam ter sido consultados.

“Acredito que tenha sido uma decisão, se calhar, um bocadinho em pânico, devido à situação que têm vivido. Mas penso que a Federação não agiu da melhor maneira ao adiar o torneio para outra data, sem pelo menos ter falado ou tido uma opinião do ATP. E, pelo que tenho entendido, também não falou com a ITF e os torneios do Grand Slam pertencem à ITF”, aponta o vimaranense, em declarações à Lusa.

Embora “não diga que é uma falta de respeito”, o número um português e 66.º classificado no ‘ranking’ ATP diz que “houve pouco tato da Federação Francesa de Ténis (FFT) em mudar o evento dessa forma”, antes da temporada de terra batida ter sido cancelada.

“A meu ver, deviam ter consultado o ATP, a ITF e, quiçá, os jogadores para tentar encontrar uma forma de o torneio se fazer e eles escolherem uma data boa ou a melhor data. Mas, pelo que tenho entendido, Roland Garros continua de pé”, pontua.

Com a transferência de junho para setembro, Roland Garros terá início seis dias após o US Open, terceiro ‘major’ da época, e vai coincidir com a Laver Cup e o início da temporada asiática, mas João Sousa confia que “o ATP e a ITF vão encontrar a melhor maneira de poder fazer um torneio deste calibre”.

“Como é óbvio, todos queremos jogar os ‘Grand Slams’, são os torneios mais importantes para nós, mas isso não lhes dá o direito de pensar que podem passar por cima de todas as opiniões e de todos e fazer aquilo que bem entendem”, lembra o minhoto, referindo-se ainda à decisão unilateral da FFT.

Com o cancelamento da temporada de terra batida, o Millennium Estoril Open só voltará a ser realizado em 2021, “uma notícia triste” não só para João Sousa, como confessa, como “para o ténis nacional.”

“É um torneio que, obviamente, me diz muito, é muito especial para mim, mas é uma medida necessária, já que, com toda esta situação, não fazia sentido colocar em risco um torneio tão importante para nós. Acaba por ser uma medida necessária, que em meu entender tinha de ser tomada”, sublinha.

Na sequência da suspensão do circuito até 07 de junho, face à pandemia provocada pela covid-19, o ATP Tour decidiu congelar os ‘rankings’, uma “medida acertada”, do ponto de vista do jogador português.

“Para já, não existe competição e efetivamente está tudo congelado. É a melhor medida tomada pela ATP. Vamos ver o que vai dar. A ATP tem agora um trabalho muito grande e importante pela frente para definir o que é que vem a seguir. Estão a trabalhar nisso, vamos esperar e aceitar as decisões que vão ser tomadas. Se pudermos ter opinião nisso, iremos ter e, por isso estamos em contacto para tomarmos as melhores medidas para todos”, justifica.