O português João Sousa admitiu hoje ter alcançado a «melhor vitória» da sua carreira, ao ultrapassar o «número um dos [tenistas] humanos», o espanhol David Ferrer, nos quartos-de-final do torneio de Kuala Lumpur.
Em declarações à agência Lusa, a partir de Kuala Lumpur, o tenista português reconheceu ter conseguido não só a «melhor vitória» da sua carreira, mas também «um grande feito» a nível nacional.
«O David [Ferrer] é um excelente jogador, um jogador muito humilde. Eu digo sempre que, entre os quatro primeiros - Ferrer, Murray, Nadal e Djokovic - é o mais humano. É, se calhar, o número um dos humanos», desabafou.
João Sousa considerou que Ferrer, atual número quatro mundial e primeiro cabeça de série do torneio malaio, «não fez, se calhar, o melhor jogo», o que não o impediu se manifestar «muito contente» com a vitória por 6-2, 7-6 (8-6) e consequente qualificação para as meias-finais do torneio.
«É, obviamente, a melhor vitória da minha carreira. Penso que é um grande feito, não só na minha carreira, mas também a nível nacional. Espero que os portugueses comecem a acreditar um bocadinho mais neles e que acreditem que é possível fazer grandes resultados», declarou.
Depois de se manifestar contente por ter feito «um grande jogo» e alcançado a meia-final, o tenista luso sublinhou que «é ótimo se as pessoas trabalharem e seguirem os seus objetivos e os seus sonhos».
«Neste momento, eu estou a conseguir fazê-lo. Tenho trabalhado para isso e espero que os portugueses possam, não seguir o meu exemplo, mas seguirem os seus sonhos e trabalharem para os conseguir», salientou.
Neste contexto, João Sousa admitiu que em Portugal «é muito difícil» chegar aos mais alto nível internacional, porque os apoios são poucos.
«No meu ponto de vista, é sempre complicado. Hoje em dia, Portugal, se calhar, não reúne as condições para se poder fazer um jogador profissional de ténis... A mentalidade portuguesa, se calhar, não é a melhor para se fazer um profissional de ténis. Mas penso que isso está a mudar e eu espero conseguir mudar essa mentalidade», frisou.
O tenista luso lembrou que «os apoios são importantes» e que, «em Portugal não existem quase torneios de nível internacional», o que obriga as pessoas a viajar para poderem jogar, um «gesto notável».
«Infelizmente, nunca tive qualquer contrato na minha vida, a nível monetário, a não ser de material. Assim é difícil porque temos de fazer um calendário de acordo com as nossas economias. Felizmente, já consegui fazer alguma coisa no ténis, mas anteriormente não me podia permitir fazer isso, porque não tinha contratos, como têm outros profissionais na Inglaterra, França ou Austrália, que têm grandes federações», argumentou.
O tenista luso referiu ainda que a sua discussão com o árbitro no final do encontro estava relacionada com dúvidas sobre a validade de um ponto, que o levou a solicitar um "challenge", apesar de ter esgotado já essa possibilidade no encontro.
João Sousa, o atual número 77.º do "ranking" ATP, a sua melhor posição de sempre, garantiu que se manteve concentrado e conseguiu assim ultrapassar o espanhol em 1:38 horas.
Na próxima ronda, João Sousa vai defrontar o austríaco Jurgen Melzer, quarto cabeça de série do torneio.
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