João Sousa é o número um do ténis português, mas o objetivo para esta época passa por manter-se dentro do “top 100”, ao mesmo tempo que aposta numa carreira em torneios ATP.

Depois de uma época «muito boa, com coisas muito positivas», em que conseguiu o seu melhor ranking, João Sousa assumiu, em entrevista à Lusa, estar «muito contente».

«Agora é um passo importante jogar os torneios a nível ATP, que é um pouco diferente do que estou habituado. Vou trabalhar para poder manter-me por lá e penso que o objetivo principal é manter-me no top-100, jogando os torneios dessa categoria», disse o 88.º tenista mundial.

Mais habituado aos torneios “challengers”, o português terá de acostumar-se à nova realidade, a começar já esta semana em Viña del Mar, no Chile.

O jogador vimaranense recusa-se a estabelecer metas fixas e numéricas para este ano, porque o importante é aprender e melhorar cada dia, algo que pretende fazer

«Depois vou seguir para São Paulo, Buenos Aires e Acapulco, torneios em que vou estar no ‘qualifying’. Depois tenho pensado ir a Indian Wells e Miami [dois Masters 1000]. É uma aposta nos torneios maiores», enumerou.

Essa aposta teve como reflexo mais imediato o encontro com o vencedor do Open dos Estados Unidos e medalha de ouro em Londres, o britânico Andy Murray, número três mundial, na segunda ronda do Open da Austrália.

«Foi o jogador mais cotado com quem joguei. É óbvio que estava um pouco nervoso, joguei num dos maiores palcos mundiais, o Andy está habituado e eu não, por isso foi um pouco complicado. Dei o meu melhor, penso que até nem fiz um mau jogo, mas ele realmente jogou muito bem. Se calhar gostaria de o ter defrontado um pouco mais à frente, mas o ténis é mesmo assim», confessou.

Apesar das diferenças evidentes entre os dois, João Sousa entrou com atitude e nunca duvidou das suas capacidades, uma característica que apreendeu em Barcelona, onde vive e treina desde os 15 anos.

A opção de emigrar, «muitíssimo» apoiada pelos pais, deu frutos, mais visíveis na evolução progressiva nos rankings, mas também percetíveis na atitude em “court”.

«Aprendi a mentalidade positiva e a garra, desenvolvi essa faceta minha», admitiu.

Confortável como número um luso, o tenista de 23 anos, que em pequeno admirava o espanhol Juan Carlos Ferrero, o norte-americano Pete Sampras e o suíço Roger Federer, quer manter-se por lá, não temendo, contudo, a concorrência dos colegas de seleção.

«Não gosto de competir com ninguém, o ténis é um desporto individual. Estou muito contente por ser o número um nacional, mas sei que o Rui Machado e o Frederico Gil têm nível para estar lá em cima outra vez. Se algum me passar, ficarei contente por eles», garantiu.