O tenista Jaime Faria está de regresso do Open da Austrália, em que ‘roubou’ um set a Novak Djokovic e impressionou Andy Murray, confessando estar a viver dias atribulados e a receber mensagens de alguns dos “melhores atletas portugueses”.

Na estreia nos Antípodas, o tenista lisboeta superou a fase de qualificação e só foi travado na segunda ronda do quadro principal por Djokovic, recordista de títulos do Grand Slam - 10 dos quais conquistados em Melbourne Park -, num encontro que ajudou a promover o número dois nacional e 125 do mundo.

“Foi um bocado atribulada [a última semana], muita coisa a acontecer, muita coisa nova. (…) Foi uma semana em que tive algumas entrevistas, algumas coisas importantes para tratar também fora do campo. Ainda assim, acho que lidei de uma maneira boa e positiva, mas não foi o suficiente”, começou por contar, após o desaire sofrido na ronda inaugural do ‘challenger’ de Oeiras 3, frente ao suíço Marc-Andrea Huesler, por 6-3 e 6-2.

Graças ao duelo com o sérvio, ex-líder do ranking ATP e atual sétimo do mundo, entretanto apurado para as meias-finais do ‘Happy Slam’, Jaime Faria diz ser agora mais reconhecido, o que “tem os seus prós e contras.”

“É bom ter o trabalho reconhecido por muita gente, e claro que jogar com Djokovic ajudou nesse aspeto, mas, por outro lado, é mais cansativo. É algo a que não estou habituado e tudo o que é novo, o nosso corpo e mente estranham. São coisas a que nós temos de nos adaptar para fazer cada vez mais parte do nosso dia a dia”, acrescentou, em conferência de imprensa.

O feito do tenista do Centro de Alto Rendimento da Federação Portuguesa de Ténis no primeiro ‘major’ da temporada não passou despercebido ao desporto nacional e, além do jogador sueco do Sporting Viktor Gyökeres, o ciclista Rui Oliveira e a futebolista Jéssica Silva também felicitaram o jovem de 21 anos.

“Ser reconhecido pelos melhores atletas, dois dos melhores atletas portugueses da atualidade, é muito bom. É bastante gratificante e, saber que eles acompanham o meu trabalho, é muito positivo”, confessou, reconhecendo ter voltado de Melbourne um jogador “um bocadinho mais confiante a nível tenístico, rotinado, confortável e um bocadinho mais famoso”, o que não muda em nada a sua pessoa.

Apesar de garantir que “já caiu a ficha” e reviu “alguns momentos dentro e fora do campo, igualmente especiais”, de “uma semana muito intensa”, Jaime Faria afirma que “são memórias muito importantes e que só dão mais estofo para saber lidar com outras situações novas e mais desafiantes”.

Do Open da Austrália guarda ainda um episódio vivido com o britânico Andy Murray, um jogador que sempre admirou pela atitude e resiliência e que agora integra a equipa técnica de Novak Djokovic.

“Estávamos a falar no refeitório, depois do encontro, e ele perguntou-me onde ia jogar. Disse-lhe que seria em terra batida na América do Sul e ele perguntou: vais jogar em terra? Mas tu és melhor em terra batida? Respondi que prefiro jogar em terra normalmente, ele ficou impressionado, mas eu sinto que jogo melhor em terra”, sublinha o lisboeta, depois de alcançar o seu melhor resultado num torneio do Grand Slam em piso rápido.

Incentivado por um “bem impressionado” Murray e aconselhado “a continuar”, Jaime Faria vai agora juntar-se à seleção nacional, que prepara a eliminatória da Taça Davis com o Mónaco, antes de rumar à América do Sul para disputar três torneios ATP, em Buenos Aires (Argentina), Rio de Janeiro (Brasil) e Santiago (Chile).