O português João Sousa mostrou-se orgulhoso pelo que alcançou e pelo legado que deixa no momento de anunciar, de voz embargada e olhos cintilantes, a retirada do ténis profissional, prevista para o Estoril Open.
“Sei que para muitos esta decisão não é surpreendente, mas, depois de toda uma vida dedicada à minha paixão que é o ténis, esta decisão vem com emoções muito fortes. Sinto um orgulho enorme no que alcancei e no legado que deixo. Durante este percurso, tive oportunidade, o privilégio e a honra de representar Portugal nos torneios mais prestigiados, no circuito ATP, no Grand Slam e na Taça Davis. Sinto um enorme e profundo orgulho por aquilo que atingi e gostaria de acreditar que contribui para o desenvolvimento do ténis no nosso país”, confessou o antigo número 28 mundial.
“Para lá dos recordes “, o vimaranense, de 34 anos, lembra que “ficam as memórias inesquecíveis, experiências inigualáveis e memorias marcantes no ténis e no coração”, numa altura em que as limitações físicas e as dores o levam a colocar um ponto final numa carreira de 17 anos como profissional de ténis.
“Infelizmente, os últimos tempos têm sido difíceis, com uma série de lesões que me têm impedido de jogar ao mais alto nível e desfrutar dentro do ‘court’. Tenho lutado contra isso, mas o meu corpo e mente têm demonstrado sinais extremos de cansaço e de dores diárias, pelo que, após um período de muita reflexão e de consideração, queria comunicar que decidi retirar-me do ténis profissional e que o Millennium Estoril Open será o último torneio da minha carreira”, prosseguiu o minhoto.
O melhor jogador português de todos os tempos tornou-se profissional em 2007 e, ao longo de 17 temporadas no circuito mundial de ténis, conquistou quatro títulos ATP 250 (Kuala Lumpur em 2013, Valência em 2015, Estoril Open em 2018 e Pune em 2022) e alcançou o 28.º lugar no ranking ATP, em maio de 2016.
“O Estoril Open vai ser o derradeiro desafio da minha carreira, este torneio que conquistei em 2018 é muito especial para mim e é o cenário ideal para me despedir do ténis. Pretendo-o fazer com a minha família, amigos, patrocinadores, com o meu público que sempre esteve comigo e todas aquelas pessoas que partilharam momentos de triunfos, mas também de desaire”, acrescentou o atleta olímpico, com presenças nos Jogos Olímpicos do Rio2016 e Tóquio2020.
Além de recordar, de voz vacilante, que “nada teria sido possível sem o apoio incondicional da família, o amor, o carinho e tudo aquilo que sacrificaram” para fazer o que gosta, João Sousa deixou uma palavra especial ao seu treinador Frederico Marques, com quem começou a trabalhar ainda na BTT Ténis Academy, em Barcelona, onde chegou aos 15 anos.
“Foram [família] a base do meu sucesso e estou-lhe eternamente grato por isso. Queria deixar uma palavra especial e a minha gratidão para com o meu treinador Frederico Marques, que esteve sempre ao meu lado em todos os momentos. A sua sabedoria, motivação, ambição, dedicação e orientação foram fundamentais e desempenharam um papel super importante para me mudar como jogador e como pessoa”, frisou o único tenista português a conquistar títulos de singulares no circuito ATP.
Depois de endereçar agradecimentos à Federação Portuguesa de Ténis, ao presidente Vasco Costa, aos patrocinadores, aos fãs e à comunicação social, João Sousa deixou ainda uma garantia.
“O meu compromisso com o ténis e com o desenvolvimento desportivo em Portugal permanece inabalável. Mantenho o desejo de tentar fazer crescer o desporto em Portugal. Os próximos tempos serão passados e dedicados a pensar no futuro e a escolher os meus próximos desafios, aos quais vou dar todo o entusiasmo, resiliência e espírito de conquista em toda a minha carreira”, finalizou o conquistador.
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