Olhando para as últimas duas temporadas, que o viram passear o seu estatuto de veteraníssimo entre um conjunto de tenistas quase com idade para serem seus filhos, pode dizer-se que o regresso de Thomas Muster ao ténis serviu, pelo menos, para o tenista austríaco aprender a despedir-se da sua modalidade.

Em 1999 foi assim: um dia, depois de ter sido eliminado em Roland Garros, o seu torneio preferido, o único austríaco na história do ténis a ganhar um Grand Slam e o melhor tenista de sempre do seu país anunciou ao Mundo que ia de férias. E nunca mais voltou, até 2010. 

Lutador nato e um dos rostos mais proeminentes do ténis mundial nas suas melhores épocas, ou seja 1995, ano em que ganhou o torneio francês, e 1996, época em que foi número 1 do Mundo durante seis semanas, Muster cansou-se da reforma, dos torneios de veteranos e, aos 42 anos, quis sentir-se vivo outra vez. 

«Queria reviver o ténis competitivo novamente e realmente gostei», disse quando anunciou a sua nova retirada. 

O balanço não terá sido certamente o esperado: o ex-líder do “ranking” venceu duas das 18 partidas que disputou em torneios de nível Challenger e perdeu os dois encontros jogados em torneios ATP. 

Consciente dos seus limites, o tenista, que ao longo da sua carreira conquistou 44 títulos, percebeu que não podia "arrastar-se" para sempre: «Fiz um bom progresso este ano, mas a minha idade está a pesar. Sei que seria possível se me esforçasse ainda mais, mas tenho uma família e eventualmente, um dia, chegaria ao meu limite físico».

Oficialmente esta será, portanto, a primeira vez que o "rei da terra", epíteto pelo que era conhecido, se despede do ténis, embora seja, na teoria, o seu terceiro adeus.

O primeiro nunca chegou a acontecer, porque Muster fez jus às suas alcunhas - “Musterminator”, “Thominator” ou “Iron Man” - e recuperou de uma lesão que, segundo muitos especialistas, poderia ter acabado com a sua carreira.

Em 1989, o tenista nascido em Leibnitz a 2 de outubro de 1967, sofreu um acidente antes da final do torneio de Key Biscayne e "desfez" o seu joelho esquerdo. Menos de seis meses depois, o austríaco estava de volta ao circuito, como se nunca tivesse estado de fora. 

Esta semana, Muster volta a casa, ao torneio de Viena, que arranca na segunda-feira e que disputou pela primeira vez há 27 anos, sem nunca ganhar, para a sua última presença num torneio ATP, naquela que será mais uma homenagem e menos uma participação com objetivos desportivos.