O presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP) disse hoje à agência Lusa que já remeteu ao Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) o processo de inquérito à velejadora Carolina Borges, que desistiu dos Jogos Olímpicos Londres2012.

«O processo de inquérito já foi remetido para o IPDJ, com as conclusões do COP e um despacho meu. No âmbito das averiguações, nem a Carolina Borges, nem a Federação Portuguesa de Vela (FPV) responderam aos quesitos que lhes foram pedidos», afirmou à Lusa Vicente Moura.

Contactado pela Lusa, fonte do Gabinete de Comunicação da FPV diz ter respondido à pergunta feita, no âmbito do processo, embora Vicente Moura reitere que nada recebeu da atleta ou da federação.

A velejadora Carolina Souza Borges-Mendelblatt (33 anos), filha de mãe portuguesa, nasceu no Brasil e decidiu competir na Classe RS:X (prancha à vela) dos Jogos Olímpicos de 2012 para homenagear o avô português, mas, já em Londres, acabou por comunicar que, por razões pessoais e médicas, não iniciaria a competição.

Na véspera do início da prova, a 31 de julho, Carolina Borges enviou uma mensagem de correio eletrónico ao chefe da Missão portuguesa em Londres2012, Mário Santos, a dizer que não iria competir por motivos pessoais e médicos.

Nesse mesmo dia, Mário Santos anunciou a abertura de um processo de averiguações à velejadora, assim como o cancelamento da sua acreditação olímpica.

No dia seguinte, em entrevista à Lusa, Carolina Borges, casada com o velejador norte-americano Mark Mendelblatt, explicou que desistiu devido à falta de apoios e por estar grávida, num dia em que as condições atmosféricas pioraram.

«Essa decisão que tomei, foi uma decisão pessoal, de saúde, de respeito e responsabilidade pelo facto de estar grávida e não ter um apoio para o caso de acontecer algo errado. Eu fiquei preocupada com certas condições climatéricas, numa prova em que não teria um apoio na água», referiu, na altura, a velejadora.

Carolina Borges esteve nos Jogos de Atenas, em 2004, a representar o Brasil (25.ª na Classe Mistral), e faria em Weymouth, palco das competições de vela, a sua estreia olímpica por Portugal, que não apresentava uma velejadora em prancha desde a presença de Catarina Fagundes em Atlanta (1996).

A velejadora nasceu no Rio de Janeiro, a 25 de maio de 1979, e começou a sua carreira desportiva no Brasil, aos 17 anos, através do seu ex-companheiro Wilhelm Schurmann, cuja família tem fortes ligações ao mundo da vela e à produção de conteúdos de televisão.

A qualificação olímpica de Carolina Borges surgiu de forma inesperada em março, nos Mundiais de Cádis, Espanha, com um 52.º lugar, conseguindo uma das últimas vagas ainda em aberto para competir na Classe RS:X e a integração no Projeto Olímpico.