Um espaço coberto de 1000 m2 alberga, em Lisboa, a Boatyard da Volvo Ocean Race, uma espécie de oficina gigante, onde estão a ser efetuadas todas as reparações aos veleiros da maior competição de vela oceânica do mundo.

Dentro do espaço coberto, onde trabalham cerca de 40 pessoas, há contentores especializados no arranjo de velas – onde são visíveis várias máquinas de costura -, cabos, carbono e outros.

A obrigatoriedade de os barcos serem todos iguais, uma novidade desta 12.ª edição, teve duas implicações importantes na prova: fortaleceu a importância da componente humana e permitiu a criação de uma gigantesca oficina comum. No final de cada etapa, os barcos são entregues aos cuidados de especialistas para serem reparados, deixando apenas as pequenas afinações e ajustes ao cuidado das respetivas equipas.

A troco de 1,225 milhões de euros cada equipa contratou um pacote de 4.000 horas de serviços, que inclui, entre outras coisas, manutenção, peças, berços [estrutura de suporte dos barcos em terra] e gruas.

Ao longo das 10 paragens cada barco terá direito a 400 horas de trabalho, podendo depois as equipas contratar reparações adicionais. Rodrigo Moreira Rato, diretor de comunicação da paragem da Volvo Ocean Race em Lisboa, explicou que a criação de um espaço comum para reparações permitiu às equipas reduzirem as suas equipas de terra e pouparem algum dinheiro.

“Aqui as equipas compram um conjunto de horas de serviço, e sabem que têm tudo para as reparações, desde as grandes às pequenas peças”, disse.

Segundo Rodrigo Moreira Rato, a Boatyard de Lisboa, situada na doca de Pedrouços, “tem condições fantásticas com dimensão e espaço de arrumos excecionais”.

A capital portuguesa tem aspirações a assumir um papel ainda mais importante na maior competição de vela oceânica do Mundo: ser ponto de partida em 2021.

Um dos caminhos para a concretização desse objetivo poderá ser acolher em Lisboa o ‘centro de inspeções’ da prova, pelo qual os barcos têm de passar quatro vezes por ano.

Depois de reparados, os barcos são entregues às equipas para as afinações finais. Em Lisboa, o primeiro a ser entregue será o Vestas, que volta a fazer-se ao mar em Portugal, depois de uma reparação de 95%, na sequência de um choque na segunda etapa.

A organização da prova dispõe de duas estruturas para albergar a Boatyard, que são usadas alternadamente nas etapas devido à impossibilidade de as transportar em tempo útil para os locais que acolhem as chegadas.

Na doca de Pedrouços, junto à Boatyard estão colocados os berços onde, perfilados, os cascos são também alvo de reparações antes da partida para a oitava etapa, agendada para 07 de junho.

Depois de ter saído de Espanha, a 11 de outubro, a frota já efetuou paragens na África do Sul, nos Emirados Árabes Unidos, na China, na Nova Zelândia, no Brasil e nos Estados Unidos.

Por agora está em Lisboa, de onde partirá para França e depois para a Suécia, onde deverá chegar a 27 de junho ao cabo de nove meses e 38,739 milhas náuticas (71,744 quilómetros).

O veleiro holandês Brunel foi o primeiro a chegar a Lisboa, vencendo a sétima etapa, que ligou Newport à capital portuguesa, e na qual o Abu Dhabi, líder da classificação geral, foi quinto.