O treinador da seleção portuguesa de voleibol feminino considerou hoje que "há condições para Portugal dar um salto, mas leva tempo", e disse que foi "muito positiva" a participação nacional na Liga Europeia.

António Guerra falava à agência Lusa depois de Portugal perder com a Espanha (3-0), na jornada final daquela prova, que durante três dias decorreu em Matosinhos.

O selecionador falou em primeiro lugar da passadora Vanessa Rodrigues, que desmaiou após o jogo com a Eslováquia, na véspera, foi levada para o hospital, onde realizou exames, e hoje não saiu do banco.

"Já não ia alterar nada em termos de calendário competitivo. Preservamos a jogadora, o que era importante. Além do mais, foi um excelente jogo para ver outras jogadoras que ainda não tinham jogado e para lhes dar hipótese de jogar num palco que é onde elas vão ter que aprender a jogar", argumentou.

António Guerra confirmou que Vanessa Rodrigues foi vítima de "um golpe de calor".

"Ela tem tendência a ter as tensões baixas e nós não arriscamos nada. Não há problema nenhum com ela", salientou.

O técnico analisou depois a participação portuguesa na Liga Europeia, que saldou em quatro derrotas e duas vitórias.

"Internamente, não estamos contentes, porque somos muito competitivos", começou, destacando, todavia "a construção de um grupo, a definição de uma metodologia de trabalho e o acreditar neste processo".

"Aí foi positivo, porque as pessoas estão super motivadas, são super competitivas e querem ganhar. Estamos a construir um grupo, vamos melhorar competitivamente, de certeza. É muito positiva a análise que eu faço", completou.

António Guerra disse que o grupo de Portugal era "fortíssimo", porque "esteve uma Espanha muito bem preparada e que quer fazer um bom resultado na Liga Europeia e a Eslováquia é uma equipa complicada".

"Cria-nos sempre muitos problemas, principalmente tendo uma equipa tão jovem. O ‘seis’ [de Portugal] que acabou [o jogo com a Espanha] tem uma jogadora de 18 anos, uma de 19 e jogadoras de 21. O ‘seis’ que acabou, que não é o ‘seis’ base, é muito jovem. Estamos a construir uma equipa e vai levar o seu tempo", vincou.

O selecionador é de opinião que Portugal possui matéria-prima e acrescentou que, por questões profissionais, algumas jogadoras não puderam dar o seu contributo", mas conta elas porque "são de bom nível e muito jovens".

As internacionais portuguesas "treinam todos os dias e não são profissionais", o que provoca "uma desgaste tremendo, as pessoas não têm noção".

"As mais novinhas estudam e as mais velhas trabalham. Sair de manhã cedo, trabalhar o dia todo, depois ainda ter vontade de ir ao treino, treina-se muito no vólei, duas horas e meia a três horas por dia. São claramente amadoras que se comportam como profissionais", destacou

A base de recrutamento melhorou muito, segundo António Guerra, referindo que, "se toda gente estiver disponível, existem 26 jogadoras muito equilibradas".

O selecionador disse ainda que "a federação está fazer um esforço enorme" e deu "ótimas" condições para a seleção trabalhar.

"Está-se a fazer um grande esforço no setor feminino. Há condições para darmos um salto, mas leva tempo", concluiu António Guerra.