Hugo Gaspar e André Lopes suspenderam a ‘reforma’ da seleção de voleibol para “dar uma mãozinha” no apuramento para o Europeu e também para possibilitar aos filhos guardar memórias suas de competir com as cores nacionais.
Campeões pelo Benfica, o oposto Hugo Gaspar e o zona 4 André Lopes, ambos de 38 anos e há vários anos afastados da seleção, responderam afirmativamente ao desafio do selecionador Hugo Silva e regressaram para a qualificação rumo ao Europeu.
Hugo Gaspar, médico de medicina geral e familiar, regressou após três anos de ausência “para ajudar” na qualificação, mas também pelos filhos, de oito e quatro anos, para que eles “tivessem uma imagem do pai a competir pela seleção nacional nos palcos internacionais”.
“É um pouco por eles que estou aqui. Gostava que os meus filhos tivessem uma imagem do pai ainda a competir nos palcos internacionais e esta era uma oportunidade para o fazer”, explicou o oposto, com 20 anos de seleção.
Mas como esta época acabou mais cedo, em abril, e a preparação para a qualificação para o Europeu, que decorrerá em dois fins de semana consecutivos, foi reduzida, foi possível agilizar a presença tanto de Hugo Gaspar como de André Lopes.
“É importante o voleibol ganhar outra vez alguma notoriedade e para isso temos que ir a um Campeonato da Europa e estar presente nas grandes competições. Quero ajudar a seleção a atingir esse objetivo e voltar a estar mais uma vez num Europeu, que talvez seja o meu último, veremos”, disse Hugo Gaspar.
Único sobrevivente entre os eleitos da seleção que terminou em oitavo o Mundial de 2002, na Argentina, a melhor classificação de sempre, Hugo Gaspar refere que o que o motiva para continuar, com os sacrifícios profissionais e familiares inerentes, “é competir ao mais alto nível internacional”.
Hugo Gaspar, que em 2004/05 representou o Sisley Treviso, de Itália, conta no currículo com sete campeonatos nacionais, oito Taças de Portugal e 11 Supertaças, tendo representado, para além do Benfica, o Castelo da Maia, Vitória de Guimarães e Esmoriz.
André Lopes “já tinha saudades” da seleção, “após quatro ou cinco anos de ausência”, e para além de um “enorme prazer” sente ainda um “bocadinho de ansiedade” no regresso, mas com “muita vontade de ajudar na segunda qualificação consecutiva para o Europeu”.
“Foi esse o desafio que me foi lançado. Não é fácil, porque no voleibol europeu já não existem grandes diferenças de valor entre as equipas. As mais acessíveis já cresceram bastante e vai ser um grupo forte, mas a vontade está cá e isso vai ajudar bastante”, disse o zona 4.
A ausência da seleção, tal como Hugo Gaspar, foi ditada por questões profissionais e familiares, mas desta vez, como a preparação é curta, foram os próprios filhos, de 12, 10 e cinco anos, que o incentivaram a aceitar o desafio.
“Eles foram os primeiros a dizer para eu vir [à seleção], porque eles não se lembram, principalmente os mais novos, de me ver com a camisola do país no corpo. É também por eles que estou cá”, adiantou André Lopes, que durante 16 anos consecutivos representou Portugal.
André Lopes, que esteve ‘emigrado’ durante seis épocas, de 2008 a 2014, soma cinco campeonatos nacionais, sete Taças de Portugal, seis Supertaças e uma liga belga. Representou, para além do Benfica, a Académica, Noliko Maaseik (Bélgica), Poitiers, Chaumont e Canes (França).
Nesta derradeira fase de apuramento para o Europeu, a seleção lusa defronta, em dois torneios no grupo G, as congéneres da Noruega, Bielorrússia e Hungria. Portugal acolhe o torneio 2, de 14 a 16 de maio, em Matosinhos, enquanto a Hungria recebe o 1, de sexta-feira a domingo.
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