As maiores ambições portuguesas na 46.ª edição do rali Dakar de todo-o-terreno, que arranca na sexta-feira, na Arábia Saudita, estão concentradas nas categorias das motas e dos SSV, os veículos ligeiros.

Ao todo, estão inscritos 23 pilotos portugueses, sete deles nas motas, com destaque para os ‘oficiais’ Rui Gonçalves (Sherco) e Joaquim Rodrigues Jr. (Hero).

Aos 38 anos, o transmontano Rui Gonçalves ambiciona um lugar entre os 15 primeiros classificados, poucos meses depois de ter sido pai pela primeira vez.

“Se fizer uma prova sem problemas, posso conseguir um resultado interessante”, disse o antigo vice-campeão mundial de motocrosse (2009), que vai para a sua quarta participação.

Por sua vez, o barcelense Joaquim Rodrigues Jr. sabe, à partida, que este será um ano difícil para as suas aspirações. O cunhado do malogrado Paulo Gonçalves (vítima de uma queda mortal na sétima etapa do Dakar2020) partiu uma perna na edição de 2023. Depois de uma longa recuperação, regressava à competição em Marrocos, em outubro, mas uma queda no ‘shakedown’ (teste) da prova africana provocou uma fratura de uma omoplata.

“Sem corridas, perdemos o ritmo”, frisou Joaquim Rodrigues Jr, à partida da sétima participação, que tem como melhor resultado o 11.º posto em 2021 e uma vitória em etapas (em 2022).

Já António Maio (Yamaha), oito vezes campeão nacional de todo-o-terreno, participou em quatro edições desde 2019 e ambiciona um lugar entre os 15 primeiros “para tentar um lugar numa equipa de fábrica”.

O militar da GNR tem como melhor resultado um 21.º lugar em 2022.

Mário Patrão (KTM), antigo campeão nacional de enduro e todo-o-terreno, volta a participar na classe Maratona, sem assistência exterior, categoria que ambiciona vencer. O piloto natural de Seia promoveu um projeto de sustentabilidade ambiental, plantando centenas de árvores na Serra da Estrela antes da partida para a edição deste ano do Dakar.

O algarvio Alexandre Azinhais (KTM) participa pela terceira vez. Empresário da restauração, fez a sua estreia em 2021 (desistiu por falha mecânica), voltou em 2022, com uma mota de enduro adaptada, e foi 69.º. Afastou-se um ano da competição para estar mais tempo com a família mas acaba por regressar agora, novamente com uma mota de rali.

Já Bruno Santos Fernandes (Husqvarna) é empresário, pai de dois filhos, piloto de enduro há 12 anos e vai cumprir a sua primeira participação no Dakar depois do quinto lugar na classe Rally 2 no Abu Dhabi Desert Challenge em 2023, com a ambição de terminar nos 25 primeiros da geral.

Nas duas rodas está ainda inscrito como português o empresário de construção civil israelita Gad Nachmani (KTM), que tem dupla nacionalidade.

Ainda nas motas vai estar presente o luso-germânico Sebastian Bühler (Hero), que compete com licença alemã mas está radicado há vários anos em Portugal, desde que os pais visitaram o país em férias, tendo já vencido o campeonato português de todo-o-terreno e por três vezes a Baja de Portalegre, de 2018 a 2020.

Nos automóveis, o experiente Paulo Fiúza navega o lituano Vaidotas Zala (Mini), e Gonçalo Reis o espanhol Pau Navarro (Mini). Reis participou de mota em 2017, quando foi 26.º e segundo da classe maratona. No ano passado navegou Hélder Rodrigues, que este ano não participa. José Marques navega o lituano Petrus Gintas (MO).

Nos Challenger (antigos T3), destaque para as duplas Mário Franco/Daniel Jordão (Can-Am) e João Monteiro/Nuno Morais (Can-Am), a que se junta o antigo campeão nacional de todo-o-terreno, Ricardo Porém (Can-Am), navegado pelo argentino Augusto Sanz. Duas vezes campeão nacional de todo-o-terreno em automóveis, esta é a quinta participação do leiriense, que quer um lugar dentro do ‘top-5’.

Nos SSV, o também leiriense João Ferreira faz dupla com o experiente Filipe Palmeiro, num Can-Am preparado pela South Racing, com ambições à vitória. Fausto Mota (que corre com licença espanhola) navega o brasileiro Cristiano Batista (Can-Am).

A 46.ª edição do rali Dakar de todo-o-terreno arranca na sexta-feira, com um prólogo, em Alula, e termina no dia 19, após 12 etapas, em Yanbu.

Esta é a quinta vez consecutiva que a prova se disputa inteiramente na Arábia Saudita.