Dezenas de embarcações no mar e de operacionais em terra vão garantir, a partir da noite de hoje, a chegada a Cabo Verde, pela primeira vez, da Ocean Race, a maior e mais antiga regata do mundo.

“Não, não temos grandes preocupações. Temos um plano bem montado, com todas as autoridades marítimas e todas as forças náuticas e comunidades náuticas aqui da região, em que temos passado a mensagem do que é que vai acontecer”, começou por explicar à Lusa Bruno Santos, diretor de operações de mar da prova, quando em terra se ultimam detalhes para a receção.

A chegada dos primeiros veleiros à Baía do Mindelo está prevista para a noite de hoje, após cinco dias no mar, precisamente num canal marítimo, que liga São Vicente à vizinha ilha de Santo Antão que é também o mais movimentado do arquipélago.

“Temos neste momento aqui, com o apoio quer da Polícia Marítima, quer da Guarda Costeira, cerca de 25 embarcações a funcionar, com à volta de 40 a 50 tripulantes que vão estar dentro da água. Isto só da nossa parte”, acrescentou Bruno Santos.

A estes elementos e meios somam-se dezenas das equipas envolvidas na prova e da própria Ocean Race, que monitorizam a competição e as condições de segurança.

“Cada barco traz pelo menos mais de cinco, seis, sete membros das equipas de terra que também colaboram aqui na parte das operações de mar”, explicou o responsável.

A 14.ª edição da Ocean Race partiu em 15 de janeiro de Alicante, Espanha, rumo a Cabo Verde com uma equipa 100% portuguesa, a bordo do VO65 Racing for the Planet, a competir na Ocean Race Sprint Cup, disputada por seis veleiros.

A celebrar os 50 anos desde o nascimento em 1973, a Ocean Race mudou este ano de formato e colocará duas classes em competição na mais difícil prova de circum-navegação à vela por equipas.

A primeira equipa é esperada no Mindelo esta noite, a partir das 22:00 locais (23:00 em Lisboa).

“O segundo barco chegará a cerca de meia hora, uma hora depois, e sempre assim cadenciados. Temos a previsão que o penúltimo barco chega por volta das 17:00 de sábado e o último barco, teve um problema ainda no Mediterrâneo e vai chegar só passado um dia e meio, dois dias”, detalhou o diretor de operações de mar, sobre a expectativa para a chegada das equipas, que vão permanecer cinco dias na ilha de São Vicente.

A primeira etapa, de 1.900 milhas náuticas (3.520 quilómetros) termina na baía do Mindelo, Cabo Verde e a segunda, com destino à Cidade do Cabo, África do Sul, deverá iniciar-se em 25 de janeiro, depois da paragem de cinco dias em São Vicente.

“A nível dos barcos não pode acontecer grande coisa [em São Vicente], os barcos não vão sair. Vão estar parados aqui para fazer manutenções e preparação da próxima etapa. Esta etapa é muito dura, eles apanharam ventos muito fortes, principalmente a saída do estreito de Gibraltar, apanharam ventos muito forte”, disse ainda.

“Não temos a indicação de quais são os danos que os barcos têm ou não, mas há sempre qualquer coisa para preparar e para reparar e é isso que eles vão fazer. E as tripulações vão aproveitar para descansar muito, porque a seguir vem mais uma etapa bastante longa, vão ser mais duas semanas até à Cidade do Cabo. Portanto, eles todos têm muito para fazer, quer seja para descansar, quer seja para trabalhar nos barcos”, acrescentou.

Nesta competição, os IMOCA 60 vão dar a volta ao mundo, cumprindo sete ‘legs’, enquanto os VO65 vão fazer três etapas, a primeira entre Alicante e o Mindelo, ilha de São Vicente, em Cabo Verde, a penúltima que ligará Aarhaus (Dinamarca) a Haia (Países Baixos) e a última entre Haia e Génova (Itália).

A tripulação portuguesa, a Mirpuri Foundation Racing Team, é liderada pelo ‘skipper’ António Fontes e constituída por Bernardo Freitas, Frederico Melo, Mariana Lobato, estes três membros da tripulação vencedora da Ocean Race Europe em 2021, Diogo Cayolla, Hugo Rocha, Matilde Pinho de Melo, Francisco Cai-Água, Francisco Maia e Francisca Pinho.

Além do VO65 Racing for the Planet da Mirpuri Foundation Racing Team, embarcação que venceu a última edição da então Volvo Ocean Race 2017/18 ao serviço da Dongfeng Race Team, participam na Ocean Race Sprint Cup a Team JAJO, Viva México, Ambersail 2, WindWhisper Racing Team e a Austrian Ocean Racing powered by Team Génova.

A regata à volta do mundo é disputada, por sua vez, por cinco IMOCA 60, o 11th Hour Racing Team, Guyot environnement – Team Europe, Team Holcim – PRB, Team Malizia e o Biotherm, que a partir de Itajaí, no Brasil, vai contar com a experiência a bordo da velejadora olímpica Mariana Lobato.