O chefe da Fórmula 1, Stefano Domenicali, avisou que não basta ter história para que alguns Grandes Prémios tradicionais sejam mantidos no calendário, como Monza, Spa ou Monte Carlo, que podem desaparecer num futuro próximo.
Essas corridas estão ameaçadas por outras, como Arábia Saudita, Miami e em breve Las Vegas, cuja contribuição económica é muito maior, embora não tenham a popularidade das primeiras.
"Queremos encontrar um bom equilíbrio, pelo menos um terço [das corridas] na Europa, um terço no Extremo Oriente e outro na América/Médio Oriente. É claro que estamos a falar de um setor onde os investimentos e a contribuição financeira é muito importante, mas sempre dissemos que as corridas tradicionais, que sabemos que não conseguem trazer os lucros que as outras trazem, têm todo o nosso respeito", disse Domenicali em entrevista virtual com a imprensa.
O dirigente italiano admitiu que as negociações continuam para que países como Bélgica, França e Mónaco continuem a ter um Grande Prémio a partir da próxima temporada.
Ou seja, Spa-Francorchamps pode receber o último Grande Prémio da Bélgica de Fórmula 1 no próximo domingo, pelo menos por vários anos.
"Se se lembrarem, houve períodos em que a Bélgica não estava no calendário da Fórmula 1. E voltou. Às vezes, temos memória curta", acrescentou Domenicalli sobre um GP que esteve presente em 66 das 73 temporadas da Fórmula 1
"[Spa] é um lugar formidável e é por isso que estamos a negociar. E em Monza vamos comemorar este ano o 100.º aniversário do Grande Prémio da Itália. Mas como italiano eu sempre digo a eles que devem perceber que a história já não chega. Monza deve fazer a sua parte, deve renovar a estrutura, renovar um lugar emblemático. Esses lugares sempre farão parte das negociações, mas a sua presença não pode ser dada como certa", disse Domenicali.
23 ou 24 Grandes Prémios em 2023
O ex-chefe da Ferrari também confirmou que o Mundial de 2023 consistirá em "23 ou 24 corridas". "No passado tínhamos 15/17 corridas, mas agora a situação é diferente. Há uma procura e atualmente esse número é um bom equilíbrio."
Domenicali não fechou as portas para que alguns dos chamados circuitos tradicionais possam ser retirados do calendário. "É uma possibilidade, não para o ano que vem, mas para o futuro, uma espécie de rodagem que permitiria que todos fizessem parte do calendário. Alguns circuitos já estão a conversar entre si para nos enviar uma proposta nos próximos meses".
Se haverá finalmente 23 ou 24 corridas em 2023 dependerá do GP da China, devido à situação pandémica e as relações do gigante asiático com a Rússia.
"A linha política do desporto é sempre frágil, devemos ser muito cautelosos", disse o italiano. "A situação da COVID-19 não está clara […] Teremos um cenário mais claro antes do final do ano".
O calendário de 2023 também pode ter um teste no continente africano: "Queremos uma corrida em África e o lugar mais provável para isso é a África do Sul. O que procuramos é um compromisso muito sólido, claro e de longo prazo e isso leva um tempo. Vamos esclarecer a situação nos próximos dias. Queremos nos envolver com África, mas queremos fazê-lo da forma correta", concluiu.
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