Miguel Oliveira revelou na passada segunda-feira os motivos que o levaram a deixar a KTM, equipa onde chegou à categoria Moto GP, a mais alta do campeonato do mundo de motociclismo.

O piloto português afirma que se tratou de um processo gradual e que passou, em muito, pela chegada de Francesco Guidotti para o cargo de diretor desportivo da equipa, por troca com Mike Leitner.

"Seguramente que não me levantei e disse que acabou. Foi um processo. Com a ausência de Mike Leitner começaram a notar-se mudanças fundamentais na estrutura. Eu como piloto apreciava muito o Mike na box e tudo o que nos dava. Era uma pessoa com muita experiência, colocou a KTM onde colocou. Era uma presença boa no projeto. Com a chegada do Francesco Guidotti notou-se uma mudança do rumo técnico, que é uma pessoa experiente que chegou e, a pouco a pouco, começou a colocar as ideias em prática. Mas para que chegassem a algo concreto precisavam de mais tempo do que eu esperava. Esta gestão de expectativas foi a maior deceção que tive. Pensei que com a sua chegada poderíamos dar um passo maior", afirmou Miguel Oliveira ao jornalista espanhol Manuel Pecino.

Para além das alterações na estrutura da KTM, o piloto português identificou a falta de evolução da mota que tinha ao seu dispor; de tal forma que se chegou a sentir superior à mesma.

"Cheguei a um ponto em que me senti claramente superior ao que tinha entre as pernas. E quando te dás conta, e não encontras tecnicamente maneira de superá-lo, chega esta vontade de abraçar outras coisas. Há esta oportunidade, é altura de aproveitar. Foi isso que aconteceu com a KTM. Sempre falei bem deles, deram-me uma oportunidade estupenda, mas creio que os resultados e o que posso fazer é muito mais do que fiz com eles", afirmou.

Tal conclusão contribuiu de sobremaneira para a sua mudança para a Aprilia, equipa que lhe providencia uma mota que, até ao momento, tem superado as expetativas do piloto de Almada.

"Encontrei uma moto com um ponto de travagem mais suave. O que fiz num dia, com 80 voltas, surpreendeu-me. Não foi um dia em que fui cómodo na moto. As coisas iam saindo e a moto aceitava o que fazia. Estou um pouco desconfiado, porque não quero estar muito contente com o que se passou, nem acredito que os testes de Sepang ou Portimão indiquem como será a temporada. Se as coisas não saírem como em Valência, não vou ficar louco e vou continuar a trabalhar", finalizou.

O campeonato do mundo de motociclismo entram brevemente em fase de testes oficiais. Entre os dias 5 de fevereiro e 17 de março equipas e pilotos poderão fazer as suas afinações finais nos circuitos de Sepang, na Malásia, e de Portimão, em Portugal.

A primeira prova da nova temporada tem precisamente início no traçado algarvio no dia 26 de março.