Na semana passada, o presidente da Câmara de Coimbra, José Manuel Silva, eleito pela coligação Juntos Somos Coimbra (PSD, CDS-PP, Nós,Cidadãos!, PPM, Aliança, RIR e Volt), anunciou que Coimbra não iria receber a superespecial do Rali de Portugal este ano, justificando-se com a falta de verba para o efeito.
“O senhor presidente revelou, como se nada fosse, que este ano não haveria a superespecial do Rali de Portugal em Coimbra, desperdiçando, num sopro, anos de trabalho intenso do vereador Carlos Cidade [do PS], para trazer este mediático evento para Coimbra [a superespecial realizou-se já com o atual executivo]”, afirmou a vereadora socialista Regina Bento, durante a reunião da Câmara de Coimbra.
A vereadora recordou que foi no anterior executivo que Coimbra acolheu a partida da prova na Porta Férrea da Universidade de Coimbra, em 2019 e 2021, tendo a superespecial de 2022 contado com a presença de cerca de 22 mil espetadores.
“O impacto mundial deste evento é incomensurável, pois sendo uma prova integrada no Campeonato Mundial de Rali (WRC) é disputada pelos melhores pilotos do mundo, envolvendo a atenção mediática dos órgãos de comunicação social do mundo inteiro e tendo um impacto financeiro brutal por onde passa”, realçou.
Citando um estudo sobre a edição de 2022 do Rali de Portugal, Regina Bento destacou que o evento gerou um impacto “recorde” de mais de 153,7 milhões de euros e cerca de um milhão de espetadores que assistiu às provas ao vivo (a prova passa apenas meio-dia por Coimbra).
“Em média, os turistas estrangeiros que visitaram o rali permaneceram quase três noites em Portugal, com 86% a mostrarem vontade de regressar ao país no verão e 63 % no inverno. Para quem tanto afirma que tem uma estratégia para o turismo da cidade, não se percebe como não se dá relevância a estes indicadores”, criticou, considerando que não há “mais nenhum evento desportivo” regularmente organizado em Portugal “com este impacto”.
“Não se percebe com tanto investimento em marketing como é que deixa fugir a superespecial de Coimbra”, acrescentou.
Dirigindo-se ao vereador com o pelouro do desporto, Carlos Lopes, a vereadora socialista perguntou se o mesmo não gostaria de se sentar do lado da bancada do PS, em troca com o vereador da CDU, Francisco Queirós (que se senta ao lado dos socialistas), “que daqui a pouco tem mais pelouros atribuídos do que o próprio vereador do PSD”.
“Fico lisonjeado com o seu convite, mas eu estou muito bem nesta bancada, respeitando o colega Francisco, que está muito bem instalado. Agradeço, mas o sumo de laranja aqui é mais docinho”, respondeu Carlos Lopes.
José Manuel Silva realçou que a partida da prova continua a fazer-se por Coimbra, voltando a frisar a falta de dinheiro para acolher a superespecial.
“A superespecial nunca tinha acontecido. Fizemos mais do que tinha sido feito, beneficiando a cidade, mas infelizmente não é possível financiar tudo”, disse.
Durante o período antes da ordem do dia, a vereadora do PS Carina Gomes questionou também o ponto de situação do modelo de gestão para as duas salas de cinema do Centro Comercial Avenida, adquiridas em 2022 por 170 mil euros e onde funciona a Casa do Cinema de Coimbra.
“Passaram quase dez meses e, tal era o empenho e o entusiasmo da Câmara Municipal, que nunca mais ouvimos falar do modelo de gestão para este espaço”, apontou.
Após insistência da vereadora socialista, José Manuel Silva referiu que o modelo está a ser estudado pelo Departamento de Cultura e Turismo, que passou a ter uma nova diretora recentemente.
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