
Ligam-se os motores, o semáforo prepara-se para dar luz verde e os pilotos arrancam para a primeira corrida da nova temporada. É desta forma que o Grande Prémio da Austrália vai assinalar o regresso da Fórmula 1, com uma temporada que se espera bastante agitada e uma das mais renhidas da história da categoria rainha do automobilismo.
São algumas as novidades esperadas, bem como o surgimento de cinco rookies e várias trocas entre as equipas. Destaque para a saída de Carlos Sainz da Ferrari para alinhar pela Williams e consequente entrada de Lewis Hamilton na escuderia italiana. Relativamente aos monolugares, os testes de pré-temporada deixaram alguns indicadores do que pode acontecer, ainda que possam existir surpresas em Melbourne e nas 24 etapas que compõe o calendário.
Novidades
Uma das alterações no regulamento vai mudar o comportamento dos pilotos na última volta da corrida, já que o ponto extra pelo melhor tempo vai deixar de existir. Assim, as equipas não vão precisar mais de engenhar a estratégia de um pit stop tardio para beneficiar de mais um ponto para as contas do campeonato. O sistema de arrefecimento para os pilotos traz a novidade de um novo mecanismo obrigatório para temperaturas superiores a 31.º graus, ajudando os pilotos em casos de corridas em Singapura ou Qatar através de um colete.
Quanto às classificações em caso de impossibilidade de realizar a sessão de qualificação devido às condições meteorológicas, o 'grid' será definido com as posições no Campeonato Mundial de Pilotos. Quanto ao DRS, as equipas já não poderão utilizar o 'mini-DRS' que permitiu que o mecanismo fosse 'ativado' em zonas da pista proibidas. Assim, a FIA apenas autoriza o DRS aberto ou fechado, colocando um ponto final às manobras criativas das equipas em benefício de um melhor desempenho.
Os pilotos de cada equipa vão estar limitados a quatro dias de testes com monolugares antigos, com um limite máximo de 1.000 quilómetros. Passam a poder usufruir até 20 dias de sessões de testes. Em relação aos estreantes, vão ter o dobro de sessões obrigatórias durante os Treinos Livres, ou seja quatro sessões para testarem monolugares de cada equipa.
Equipas
A McLaren conseguiu tirar a Red Bull do trono do Mundial de Construtores, graças a uma evidente melhoria na última temporada. Para 2025, a equipa de Woking apenas precisava de dar continuidade ao trabalho já iniciado em 2024, ainda para mais porque a dupla de pilotos é a mesma. Lando Norris e Oscar Piastri mantém-se lado a lado e voltam a compor uma das equipas que tem mais argumentos para voltar a estar no topo da modalidade. No Bahrein, os indicadores foram muito animadores e tudo aponta para que possam ter o carro mais equilibrado, fiável e com mais ritmo de corrida do 'grid'.
Contudo, é a Ferrari que reúne maior expectativa e curiosidade com a chegada de Lewis Hamilton à Cavallino Rampante. O sete vezes campeão mundial deixou a Mercedes ao fim de 12 anos para rumar à equipa de Maranello, onde fará dupla com Charles Leclerc, que apelida de "dupla mais forte que a Fórmula 1 já teve". No entanto, é preciso que o talento dos pilotos seja correspondido com um monolugar suficientemente bom e competitivo para que a escuderia italiana volte a dominar os traçados. A pré-temporada foi a mais animadora dos últimos anos, com bons resultados que a colocam na competição com a McLaren. Ainda assim, por vezes, o carro apresentou instabilidade na traseira e um desgaste excessivo dos pneus, o que se pode revelar letal em ritmo de corrida.
A Red Bull foi a grande derrotada em 2024 com a perda da hegemonia no Mundial de construtores, tendo terminado na terceira posição. A equipa austríaca ficou com o carro instável a meio da temporada anterior e viu as rivais superarem-na. Ainda assim, o carro conseguia ser veloz e vencedor, mas a falta de equilíbrio nos componentes comprometeu várias corridas, sendo esse o ponto fulcral para a nova época. Max Verstappen afirmou que é pouco provável que a equipa lute pela vitória na Austrália, mas mantém-se otimista quanto ao desempenho na época. O colega do neerlandês já não vai ser Sérgio Pérez, mas sim Liam Lawson. O australiano de 23 anos, que ascendeu da equipa satélite à principal da Red Bull, foi o escolhido para compor uma dupla de pilotos com vista ao futuro e a resultados imediatos. Para Lawson, a época será de estreia na medida em que fará parte de uma equipa desde o começo, beneficiando da experiência na Racing Bulls em 2024.
Para terminar o leque dos primeiros lugares de 2024 surge a Mercedes, que é a única das 'grandes' escuderias a apresentar um rookie. Andrea Kimi Antonelli, aos 18 anos, ocupa o lugar deixado por Hamilton e fará dupla com George Russell, que há muito que ambicionava ser a referência da equipa. O jovem italiano surge como uma das grandes promessas da modalidade e, apesar de não ter tido bons resultados na Fórmula 2 em 2024, tem provas dadas no passado de que o seu talento é merecedor de oportunidades. Quanto ao carro, os testes no Bahrein mostraram que a construtora alemã poderá conseguir desafiar a Ferrari e há quem aponte para um pódio para um dos campeonatos da modalidade em 2025.
Relativamente à Aston Martin, é provável que continue a ser a eterna promessa de que o forte investimento se traduz em alta competitividade. A expectativa é grande com a chegada de Adrian Newey - responsável pelos carros vitoriosos da Red Bull -, mas os resultados nos testes não foram significativos. Em ritmo de qualificação foram oitavos e em corrida ficaram com o último lugar. Contudo, o chefe de equipa diz que o feedback é positivo e Fernando Alonso garantiu que foi dado " um passo em frente". Lance Stroll, filho do proprietário, vai continuar a fazer companhia ao espanhol de 43 anos.
Para a nova temporada, a Alpine conta com um dos nomes mais carismáticos da Fórmula 1: Flávio Briatore. O conselheiro executivo da equipa francesa é um velho conhecido nos paddocks e há quem diga que consegue "tudo o que quer". No entanto, não conseguiu convencer Carlos Sainz a juntar-se a Pierre Gasly, ficando em aberto se o dirigente vai conseguir levar a Alpine ao topo, como ambiciona. O final da temporada passada, principalmente com as exibições de Gasly, deixaram bons indicadores de que pode ser mais competitiva em 2025. As estatísticas não indicam uma melhoria muito significativa, mas também nenhum retrocesso. Uma das novidades é o rookie Jack Doohan que tem sobre si uma pressão gigantesca, precisando de mostrar de imediato resultados para convencer Briatore de que é a escolha certa, até porque o italiano prefere o piloto de reserva: Franco Colapinto.
A Haas não deverá ter argumentos para estar acima do meio da tabela, mas continuará a conseguir competir com as concorrentes diretas. A dupla de pilotos foi renovada com as chegadas de Esteban Ocon (vindo da Alpine) e do rookie Ollie Bearman. O britânico de 19 anos era piloto de reserva da Ferrari e mostrou competência e maturidade suficientes para ter a oportunidade de se estrear na Fórmula 1.
Outro dos estreantes está na Racing Bulls, a incubadora de talentos da Red Bull, que terá uma dupla jovem e temperamental em 2025. Isack Hadjar é um dos produtos da academia Red Bull e tem um futuro promissor pela frente, atraiçoado pela rápida explosão em momentos de tensão. Ao seu lado vai estar Yuki Tsunoda que já leva cinco anos na categoria principal e vai assumir o lugar de liderança, ele que conseguiu 30 dos 46 pontos conquistados pela equipa em 2024.
A Williams terminou a época transata em penúltimo, mas pode dar o salto em 2025, pelo menos é essa a ambição de James Vowles. Carlos Sainz é a grande aposta do ex-estratega da Mercedes que acredita que a histórica equipa pode voltar aos seus tempos áureos. A pré-temporada correu de feição e os resultados apontam para que possa fazer concorrência à Alpine com vista ao top 5.
Por fim, chega a última classificada de 2024: Kick Sauber. A equipa de transição (passará a Audi em 2026) foi tão pouco competitiva e pareceu apresentar um retrocesso nos testes, sendo esperado que se concentre em corrigir erros e conseguir melhorias para que a Audi possa chegar em força no ano seguinte. A Sauber que tem deixado muito a desejar apostou numa nova dupla com Hulkenberg a ser a voz da experiência e Gabriel Bortoleto o estreante campeão. O piloto brasileiro é o campeão em título da Fórmula 2 e terá a possibilidade de estar na categoria rainha com tempo e sem pressão para evoluir e crescer, ou seja o cenário ideal.
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